Paes de Barros defende que cadastro do Bolsa Família seja usado para outras políticas sociais

13/12/2009 - 13h13

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 190 países se comprometeram a reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a população que vive em extrema pobreza e com fome. De acordo com a Organizações dasNações Unidas (ONU), essa primeira meta dos chamados Objetivos do Milênio nãoserá cumprida. A projeção é que em 2015 ainda haverá, por exemplo, 30milhões de crianças abaixo do peso no Sul da Ásia e na África. Nessasregiões e também na América Latina e Caribe, a desigualdade aindapermanecerá distante da objetivo acordado na ONU.O Brasil, no entanto, jáconseguiu atingir essas metas e por isso firmou um compromisso de ir aléme erradicar a fome e reduzir a um quarto a  proporção da população emextrema pobreza. A razão do sucesso brasileiro é atribuída àfocalização das políticas sociais justamente nos setores maisnecessitados da sociedade, como dá prioridade o programa BolsaFamília.Segundo o economista Ricardo Paes de Barros, doInstituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), o Bolsa Famíliateve o mérito de estabelecer uma política social “para os pobresinvisíveis e não apenas para os pobres visíveis, como os trabalhadorescom carteira assinada”. O pesquisador calcula que “o Bolsa Família temimpacto três vezes maior do que o aumento do salário mínimo nos 30%mais pobres da população brasileira”.Na avaliação do especialista, um dos méritos do programa é ter ocadastro único da população beneficiária. Ele avalia que esse cadastrodeveria ser mais usado pelo Poder Público para implantar as políticassociais. “O que falta hoje é aproveitar esse canal que o Bolsa Famíliacriou e não só mandar por esse canal os R$ 100, mas mandar uma cesta deoportunidades”, disse ele à Agência Brasil.“Sabemos nome e endereçodessas pessoas e podemos juntar todas as políticas sociais e usar essecanal e dizer: 'você tá no Bolsa Família'. Então, tem direito a todasessas políticas integradas”. Conforme Paes de Barros, o programaTerritórios da Cidadania faz isso em determinadas localidades, mas épreciso “fazer isso individualmente”, defendeu o economista noSeminário Internacional sobre Sistemas de Proteção Social.