Para geógrafo, serviço ambiental é oportunidade em tempos de crise ecológica global

10/12/2009 - 6h25

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil pode ser um dos principais beneficiários das soluçõespara conter a destruição da camada de ozônio e oaquecimento do planeta, que estão em discussão na 15ª Conferência dasNações Unidas sobre Mudanças Climáticas(COP-15), em Copenhague, na Dinamarca.Além de abrigar a maiorfloresta e a maior biodiversidade do planeta e dispor de um quintodo volume de água doce existente no mundo, o Brasil tem umestoque de terras reflorestáveis que poderão ser usadaspara a recuperação de áreas degradadas. Adisponibilidade dessas terras é um trunfo nas negociaçõesde metas ambientais em debate na conferência.“Emum cenário de crise ecológica que vivemos,nasce uma nova oportunidade para o Brasil. Nesse mercado ambiental,tudo aquilo que degradamos na nossa história passa a ser, nomercado global, uma oportunidade para a reconstrução.Nós vamos ter a oportunidade de reconstruir paisagens e biomasnacionais dentro dessa lógica”, afirma Arnaldo CarneiroFilho, geógrafo do Instituto Socioambiental.Ele estima que haja uma área de 1 milhão de quilômetrosquadrados que pode ser usada para a agroenergia, a produçãode madeira e a recuperação de paisagens. “O Brasil podevender serviços ambientais”, disse o o geógrafo, acrescentando que hápossibilidade de agricultores se tornarem recuperadores remuneradosde áreas devastadas.A hipótese de prestarserviços ambientais ao planeta depende, no entanto, de o paísmelhorar os índices de produtividade na lavoura e na pecuária.“A nossa lógica sempre foi a produção e nãoa produtividade”, reconhece. Na opinião de Carneiro Filho, épreciso intensificar a produção agrícola e termais rebanhos em áreas menores.Ele acredita que o tema do desenvolvimento sustentável estarána agenda da campanha presidencial do próximo ano. Em suaavaliação, 2010 também será um ano detestes para avaliar se as medidas governamentais de fato surtiramefeito contra o desmatamento. No ano que vem, com o aquecimento daeconomia mundial e da produção interna, haverámaior pressão por desmatamento, prevê.Segundocarneiro Filho, o desmatamento é um “animal adormecido” eo despertar depende de demanda do mercado interno e do mercadoexterno, que vem regulando a curva de destruição daAmazônia.