Apesar de resultado fraco, analistas esperam reação do PIB ainda em 2009

10/12/2009 - 19h02

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Apesar do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre ter sidoabaixo do esperado pelo mercado e pelo próprio governo, especialistas ouvidos pela Agência Brasil prevêem umareação da economia brasileira no quarto trimestre, o que consolidaria a recuperação econômica diante da crise internacional e poderia levar o país a fechar o ano com crescimento próximo de zero.     OInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje(10) que a economia brasileira cresceu 1,3% no terceiro trimestre doano na comparação com o trimestre anterior. O resultado ficou abaixo daestimativa feita ontem (9) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estimou que a expansão seria de 2%.Opesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação GetulioVargas (FGV), Regis Bonelli, ressaltou que a expectativa doseconomistas de que o país cresceria 2% no terceiro semestre falhouporque levou em conta o crescimento do segundo trimestre de 1,9% -número corrigido hoje pelo IBGE para 1,1%.“Isso fez toda adiferença. A gente estava crescendo menos do que imaginava. Aexpectativa do mercado tinha sido mais alta porque estava baseada em umdado que foi revisto para baixo. Ao mudar para baixo, todas as pessoasestão revendo suas projeções agora à luz disso”, explicou.Parao professor, apesar do resultado abaixo do esperado, o país deverá ter umcrescimento satisfatório em 2009, ano de crise econômicainternacional. Segundo ele, o crescimento da indústria no quartotrimestre será decisivo. A indústria é um dos três componentes do PIB, quando analisado pelo lado da produção. Os outros dois são a agropecuária e os serviços.“Embora a crise tenha custado caro,ainda assim foi menos do que se imaginava no começo do ano. Arecuperação foi muito mais positiva. E vai continuar. Nesse quartotrimestre, não há dúvida de que o PIB deve crescer mais doque cresceu no terceiro, principalmente devido a indústria”.O gerente do Departamento de Economia da Federaçãodas Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo, disse que a produção nãocresceu os 2% porque tinha estoques altos, mas que oestoque já ajustou. "No segundo e no terceiro trimestres, a gente tevequeima de estoques. Agora, a produção está sendo feita para atender àdemanda que cresce a 2% e mais uma reposição parcial dos estoques”,analisou. “Estamos bastanteotimistas para os números do quarto trimestre. Por isso, a gente vaiconseguir fechar o ano com o crescimento de PIB próximo de zero,levemente negativo. Mas aí é detalhe”, disse. A Fiesp estima para 2010um aumento de 2% do PIB do país e de 8,2% da indústria.Deacordo com o professor da Faculdade de Economia e Administração daUniversidade de São Paulo (USP), Fábio Canczuk, o país deve obter noquarto trimestre um crescimento forte, mas menor do que 5%, númeroque seria necessário para que o Brasil mantivesse o crescimento do PIB do ano passado. “Acho que no último trimestre o crescimentovai ser muito forte, mas não vai ser 5%. Vai dar uma sensação boa demais emprego, mais riqueza, isso que a gente vai ver agora”.