Analista diz que Michelle Bachelet não faz sucessor por erros da esquerda e tradição chilena

10/12/2009 - 0h31

Renata Giraldi
Enviada Especial
Santiago (Chile) - A dificuldade da atualpresidente do Chile, Michelle Bachelet – que apresenta um dos índicesde popularidade mais altos de um governo (cerca de 80%) – de fazer seusucessor vitorioso é consequência de uma série defatores que vão desde erros cometidos pela coligaçãoConcertación (centro-esquerda) à tradiçãodo eleitorado chileno, segundo o analista político TomásMosciatti. Para ele, o principal erro da esquerda foi aescolha do ex-presidente Eduardo Frei Ruiz como candidato, além da perda de identidade. “A escolha de Frei éum erro terrível, porque não representa renovaçãonem indica semelhança com Bachelet”, afirmou ele. “Aqualidade de exigência para ingresso na coligaçãoConcertación diminuiu muito nos últimos tempos.”Segundo o analista político, tradicionalmente oeleitorado chileno não costuma associar os candidatos aospresidentes. Mosciatti lembrou que o ex-presidente Ricardo Lagos(2000-2006) deixou o governo com 65% de popularidade e sua candidatae atual presidente Michelle Bachelet obteve 45% dos votos. “Essa éa cultura política no Chile”, disse ele.De acordocom o analista, a Concertación erra também por manteruma ideologia e o programa interno antigos, que nãorepresentam a renovação. Mosciatti deu a entender queos chilenos querem a renovação, depois de 20 anos decontrole da esquerda no país.Mosciatti participa de umevento organizado pela Fundación Imagen de Chile, ligada aogoverno chileno, destinado à imprensa estrangeira. O seminárioEleições no Chile: 20 Anos de Democracia, 200 Anos deIndependência, tem o objetivo de fazer um balanço dasduas décadas em que os partidos de centro-esquerda se mantêm no poder.Pesquisa deopinião publicada hoje (10) no jornal La Tercera, umdos maiores do Chile, informa que candidato da oposiçãoMiguel Sebastián Piñera, da coligaçãoAlianza (centro-direita) detém 44,1% das votos, oex-presidente e candidato Eduardo Frei Ruiz, da coligaçãoConcertación (de Bachelet), está com 31%, e o candidatoindependente Marco Enriquez-Ominami Gumucio obtém 17,7%.ParaMosciatti, é fundamental compreender as diferençasentre os candidatos. Segundo ele, Piñera não éum empresário tradicional nem representa a direitaconvencional associada ao ex-ditador general Augusto Pinochet. Paraele, o empresário representa a chance de melhoria social, oque é almejado por muitos chilenos. De acordo com oanalista, é essencial ainda observar que Enriquez-Ominamiguarda mais semelhanças com Bachelet do que Frei, alémde representar a renovação e mudanças. Segundo oanalista, Frei representa algo “muito antigo”, enquanto Piñerarepresenta a “modernidade”. No próximo domingo(13), cerca de 9 milhões de eleitores irão àsurnas nas nove regiões políticas do Chile. A previsãodos organizadores políticos é que os resultados sejamconhecidos à noite. De acordo com as pesquisas de opinião,a tendência é a de que haverá segundo turno daseleições. Para obter a vitória no primeiroturno, o candidato deve conseguir mais de 50% dos votos.