Réu confesso do assassinato de Dorothy Stang vai novamente a júri popular

08/12/2009 - 6h03

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O réu confesso pelo assassinato da missionária norte-americana DorothyStang, Rayfran das Neves Sales, será mais uma vez submetido a júri popularna próxima quinta-feira (10), no Fórum Criminal de Belém. O novojulgamento atende a um recurso interposto pela promotoria que considerou que, no júri do ano passado, a maioria dos jurados foi induzida a erro.O julgamento anterior, realizado em maio de 2008, foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Pará. Os promotores entenderam que alguns dos jurados não consideraram a acusação que pesa contra Rayfran, de ter recebido a promessa de ser pago para matar a freira. Assim, os desembargadores do Tribunal de Justiça do Pará acataram o pedido de promotoria. Com isso, o júri classificou o crime como homicídio simples e, não, homicídio qualificado, que prevê pena de reclusão maior. O processo contém várias versões apresentadas à Justiça por Rayfran dasNeves. Na  última delas, ele disse que houve a promessa de recompensa, ou seja, de que seria pago para matar. Emoutro depoimento, Rayfran disse que R$ 50 mil seriam pagos pela mortede Dorothy Stang e que esse dinheiro seria repassado pelo fazendeiroVitalmiro Moura. Ainda assim, conforme o tribunal, Rayfran contou uma nova versão à sua advogada, Marilda Cantal, e disseque matou Dorothy Stang não por recompensa e, sim, por se sentir ameaçadopelo trabalho de apoio da missionária a agricultores da região de Anapue Altamira, em um projeto de desenvolvimento sustentável.Se a nova versão de Rayfran, de que não houve promessa derecompensa, for aceita pela Justiça, os fazendeiros RegivaldoPereira Galvão e Vitalmiro Bastos de Moura também serão inocentados daacusação de serem os mandantes do crime. Ambos aguardam o julgamento emliberdade. Além disso, Rayfran das Neves poderá ser condenado porhomicídio simples e não mais por homicídio qualificado, que prevêreclusão de 12 a 30 anos. No caso de homicídio simples, a reclusão seráde, no máximo, 20 anos.Este é o quarto julgamento de Rayfran, que espera conseguir a liberdade condicional e a redução da pena a que foicondenado em 2005 (27 anos), mesmo ano do crime. Os pedidos serãofeitos pela defesa do réu, considerando que ele se encontra preso háquatro anos, trabalha e estuda normalmente no presídio e apresenta bomcomportamento.Identificados, respectivamente, como o intermediário da ação e como o pistoleiro queacompanhou Rayfran no momento do crime, Amair Feijoli da Cunha eClodoaldo Carlos Batista continuam presos e devem cumprir pena de 18 e 17anos de reclusão.Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi baleada com seis tiros em umaestrada de terra de Anapu, município que fica a 300 quilômetros de Belém, nosudoeste do Pará. O crime ocorreu no dia 12 de fevereiro de 2005. Afreira tinha origem norte-americana, mas era naturalizada brasileira.Iniciou seu ministério no Brasil, na década de 60, no Maranhão. Ela viveu no Pará cerca de 20 anos. Irmã Dorothy ficou conhecida pela ativa atuação pastoral e missionária,voltada para os trabalhadores rurais e para a redução de conflitosfundiários.