Travestis se organizam no Rio para definir políticas públicas de gênero

07/12/2009 - 16h38

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 200 travestis e transexuais de todo o país estão reunidas no Rio de Janeiro paradiscutir políticas públicas que levem em conta suas especificidades degênero, além de formas de garantir cidadania, como a utilização donome social em documentos. No encontro, elas também pretendem discutire deliberar sobre o conceito de travestis e transexuais.“Queremossair deste encontro com um conceito identitário fundamentado para queseja utilizado em políticas públicas e em documentos científicos eoficiais. Não queremos que ninguém venha nos chamar do que quiser”,declarou a presidente da Associação de Travestis do Rio, MarjorieMarchi, durante abertura do 16º Encontro Nacional de Travestis eTransexuais (Entlaids).As participantes também devem discutirformas de enfrentar o preconceito no sistema de saúde e ainda campanhasde prevenção como a de combate a aids e a outras doenças. Outro objetivoé conversar sobre a ampliação do número de cirurgias de modificaçõescorporais feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).Umareivindicação histórica do movimento, a utilização do nome social (onome escolhidos pelas travestis) na carteira de identidade, volta a sertema de discussões no encontro. Marjorie Marchi afirma que a categoriapretende se mobilizar para provocar mudanças institucionais que serefletirão “no reconhecimento das travestis pelo Estado brasileiro”. “Issovisa uma coisa maior. Quando conseguirmos aquele documento que nos identifique com o nosso gênero e com o nosso nome isso significaráum processo de mudança no sistema. O Estado passará a nosreconhecer. É um ganho além do pessoal”, afirmou.Durante aabertura do Entilaids, o superintendente de Direitos Humanos do Rio,Cláudio Nascimento, destacou que para atender os LGBTT (lésbicas, gays,bissexuais, transexuais e travestis), os governos devem atuar sempre emparceria ou em conjunto com o próprio público-alvo. “Primeiracoisa é garantir um espaço de consulta permanente. Na nossasuperintendência existem vários instrumentos como uma câmara técnica [responsável pela elaboração de políticas] que funciona com aparticipação de várias secretarias e dos movimentos sociais”, disse.