Operação Caixa de Pandora aponta possíveis desvios feitos por secretário-adjunto no DF

07/12/2009 - 17h41

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao investigar os casos da Operação Caixa de Pandora , a Polícia Federal (PF)trouxe à luz personagens que, embora gravitem em torno do poder,eram desconhecidos até mesmo da maioria dos moradores da capitalfederal. É o caso do ex-secretário adjunto de Saúde Fernando Antunes e do próprio autor das denúncias, o ex-secretário de RelaçõesInstitucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, réu em mais de30 processos.Presidente regional doPartido Popular Socialista (PPS), Fernando Cláudio Antunes Araújo é acusado de, juntamente com oex-secretário de Saúde e deputado federal Augusto Carvalho (PPS),cobrar propina da empresa Uni Repro Soluções Tecnológicas,detentora de contrato de prestação de serviços que em apenasdois anos elevou os gastos da secretaria com serviços gráficos deR$ 235 mil (2006) para mais de R$ 14,8 milhões (2008).Depois que a PF deflagrou a operação, alguns fatos controversossobre Antunes começaram a vir à tona. No inquérito, ele é citado durante uma conversa entre Durval Barbosa e o ex-secretáriode Saúde e ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel, outro alvoda operação. No diálogo gravado por Barbosa comautorização judicial, os dois mencionam que parte do dinheiroarrecadado por Antunes e pelo deputado Augusto Carvalho servia para“ajudar” o presidente nacional do PPS, o ex-deputado federalRoberto Freire. Em outra situação, Antunes foi condenado em primeira instânciapelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) a devolver R$200 mil ao condomínio no qual foi síndico por quatro anos(1998-2002). Ele é servidor daControladoria-Geral da União (CGU) cedido ao GDF, membro fundador daorganização não governamental Transparência Brasil e presidentelicenciado da União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finançase Controle (Unacon).Durante o processo, ojuiz Fabrício Fontoura Bezerra se convenceu de que, segundo asprovas periciais, “as contas apresentadas por Antunes contêmvárias irregularidades que, juntas, somam a quantia de R$200.384,70”. Antunes recorreu da decisão eaguarda o julgamento do recurso.Procurado pela AgênciaBrasil para comentar a ligação de Antunes com a ONG, o diretorexecutivo da Transparência Brasil, Cládio Abramo, afirmou queAntunes e a Unacon deixaram de ser sócios da entidade assim que oex-secretário passou a integrar o governo do Distrito Federal, em2007.“O desligamento doFernando e da Unacon não tem nada que ver com quaisquer denúncias.Ele era do nosso conselho e, pelas regras da Transparência Brasil,os associados não podem pertencer a órgãos de Estado. Do ponto devista institucional, não temos nada a declarar, mas do ponto devista pessoal é lógico que eu estou desapontado com o possívelenvolvimento de uma pessoa que fez parte da organização nestesfatos”, afirmou Abramo. Já a CGU, por meio desua assessoria, informou que as denúncias estão sendo examinadaspela assessoria jurídica do órgão para, se for o caso, instaurarprocesso administrativo contra Antunes.Os deputados AugustoCarvalho e Roberto Freire negam ter participado ou se beneficiado doesquema denunciado por Durval Barbosa e prometem buscar reparaçãojudicial. Freire promete protocolar nesta quarta-feira (9) uma açãojudicial contra a diretora comercial da Uni Repro, Nerci SoaresBussamra, gravada em outro vídeo acusando Freire de ser obeneficiário da propina paga por sua empresa. A reportagem tentououvir Antunes, mas ainda não obteve resposta.