Especialista avalia que conferência do clima não terá resultados concretos

07/12/2009 - 16h21

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O físico e professor da Universidade de São Paulo (USP) JoséGoldemberg afirmou hoje (7) que as discussões durante a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) não devem resultar em algo concreto. Segundo ele, as propostas de redução deemissões de gases do efeito estufa de países como Estados Unidos, China, Índia e Brasil são difíceisde ser conciliadas, ou seja, não se chega a um número que seja válidopara todos. “O Protocolo de Quioto sob esse ponto de vista foisimples. Os países industrializados eram obrigados a reduzir suasemissões em 5%. Agora não, é uma variedade de propostas e é difícil verqual é o tipo de acordo que acabará sendo feito. Eu tenho impressão deque as coisas seguirão mais o caminho que havia sido anunciado antes da conferência. É uma garantia de que vai se chegar a um número, mas queserá adotado provavelmente na conferência do ano que vem.”Os Estados Unidos prometeram corte de 17%das emissões até 2020. A China anunciou compromisso de corte entre 40% e45% por unidade de Produto Interno Bruto (PIB) até 2020.Já o Brasil assumiu o compromisso voluntário de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre36,1% e 39,8% até 2020.Naavaliação do professor, a proposta brasileira é um avanço em relação àposição anterior do governo, mas é difícil de entender pornão ser um número exato, o que trará dificuldade aos negociadoresinternacionais. “O governo brasileiro propõe que sejam reduzidos 36%abaixo do nível de emissões que ocorrerá em 2020 e nós precisamos sabero que ocorrerá em 2020. Não é um número concreto. Se o país crescermuito a proposta significa uma redução importante. Se crescer pouco aredução vai ser pequena”.  Para Goldemberg, desta vez os Estados Unidos, único país rico a não assinar oProtocolo de Quioto, não poderão ignorar a proposta que sairá da COP-15, mas tentarãointerferir para que o novo acordo para o clima não “doa muito”. “Eles não vão fugirporque esse governo atual está totalmente comprometido.”