Chegou a hora da ação, diz secretário-geral da Conferência do Clima

07/12/2009 - 9h21

Roberto Maltchik
Enviado especial
Copenhague (Dinamarca) - Nacerimônia de abertura da 15ª Conferência das NaçõesUnidas sobre Mudanças Climáticas, o secretário-geraldo encontro, Yvo de Boer, conclamou os líderes dos 192 paísesque participam dos debates a transformarem propostas em açõesconcretas para reduzir o impacto das mudanças climáticassobre o planeta.“Orelógio está zerado. Chegou a hora. Temos quetransformar propostas em ações”, afirmou de Boer, norápido discurso, que encerrou a cerimônia de abertura.Osecretário-geral disse que o “bolo de Natal”, que eleespera de presente este ano, ao final das duas semanas de discussões,é dividido em três partes: a base é formada pelasações de mitigação de emissões degases que provocam o efeito estufa, numa clara referência aoscompromissos dos países em desenvolvimento, especialmenteChina, Índia, Brasil e África do Sul.A segundaparte do bolo, segundo de Boer, seria formada pelas metas dos paísesricos para reduzir as emissões atuais e financiar açõesdos países pobres para adaptar a economia às novastecnologias limpas e renováveis. Já a “cereja no topodo bolo” seria um termo de cooperação entre todos ospaíses para desenvolver ações mundialcoordenadas visando a combater o aquecimento global.A meta doPainel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC,sigla em inglês) é reduzir as emissões mundiaisentre 25% e 40% até 2020, considerando o nível deemissões registrado em 1990.O chefe doIPCC, Rajendra Pachauri, destacou o efeito imediato que o aquecimentoglobal já exerce sobre as comunidades costeiras e sobre aspopulações em áreas de risco, como é ocaso de milhões de habitantes de Bangladesh, um dos maispopulosos países do planeta.Ele aindadestacou a polêmica criada, há duas semanas, pelarevelação de e-mails, interceptados por hackersna universidade inglesa de East Anglia, apontando para a tentativa deesconder estudos que indicariam o pequeno impacto da açãohumana sobre o aquecimento da terra. “Milhares de pesquisadoresindependentes trabalharam duro nos últimos anos e deixaramclaro o efeito dramático das mudanças climáticas”,alertou Pachauri.Elelembrou que todos têm responsabilidade sobre os efeitos doaumento da temperatura do planeta. “A comunidade Internacional temresponsabilidade moral e material para combater as mudançasclimáticas.”Jáo primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen, lembrou que o maisdifícil é garantir um entendimento entre os países,levando em conta o grande número de interesses econômicosem jogo ao longo das discussões.“Ninguémaqui pode subestimar nossas diferenças, mas o esforço épara que as diferenças sejam superadas”, sugeriu na aberturada cerimônia.Osdiscursos de abertura foram precedidos por uma rápidaapresentação cultural e um videoclipe, demostrando o impacto das mudanças climáticas sobre aspróximas gerações. Mais de 20 reuniõesestão marcadas neste primeiro dia de evento.