Bolivianos lamentam ausência à votação por atraso em voo

06/12/2009 - 15h23

Elaine Patricia Cruz
Enviada Especial
Assunção (Paraguai) - Bolivianos que não puderam votar nas eleições de hoje (6) lamentaram a ausência em entrevista à Agência Brasil. Eles ficaram impossibilitados de participar do processoeleitoral porque não conseguiram chegar a La Paz devido a umproblema na conexão de um voo que saiu de São Paulo, ontem (5) à noite, com atraso. “Issotem consequências, primeiro porque não poderemos exercitar nosso direitode cidadão ao voto. Segundo, porque há  uma sanção que estabelece que quemnão vota não poderá exercer transações bancárias; terei de passar porum trâmite para mostrar que não votei por essa circunstância”,explicou o economista Napoleón Pacheco.Segundo o fotógrafo Antonio Soares, o prejuízo não é só como cidadão, mas tambémeconômico, já que pretendia fotografar as eleições e vender paraveículos de imprensa. “Perco um dia de trabalho, não poderei votar eperderei tempo indo à Corte para mostrar que estava de viagem”, disse. Na sua opinião, a eleição de hoje “é uma dasmais importantes porque o país estava muito polarizado e talvez váajudar a acalmar um pouco os ânimos”.Para o jornal La Razon, deLa Paz, as eleições de hoje são uma das mais importantesda história do país, não só por seu componente político, mas tambémhistórico: é a eleição com o maior número de eleitores registrados,será a primeira em que votarão os bolivianos residentes fora do país(no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos e na Espanha) e também a primeiraque ocorre tendo como base um moderno padrão biométrico em que foinecessário cadastrar todos os eleitores por meio de fotos e assinaturadigital..O jornal La Prensa também chamouas eleições de históricas, destacando que vão colocar em marcha nopaís “um novo Estado” em que a nova Assembléia Plurinacional deveráaprovar mais de 100 leis, entre elas as que dizem respeito ao regimeeleitoral e preveem um novo modelo econômico, controlado pelo Estado ereconhecendo a economia coletiva ou comunitária. Emabril desteano, a Bolívia enfrentou um período de muita tensão, que incluiu atéuma greve de fome do presidente Evo Morales para pedir a aprovaçãoda Lei de Regime Eleitoral Transitório que antecipou as eleiçõespresidenciais para hoje. Os bolivianos de cinco regiões do país(Chuquisaca, Cochabamba, La Paz, Oruro e Potosi) também decidem, nestedomingo, se desejam a autonomia dos estados. Representantesda Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeiaestiveram ontem (5) em La Paz conversando com o presidente Evo Morales. Eles disseram esperar, segundo aimprensa do Palácio do Governo, um clima de tranquilidade nas eleições.  De acordo com o Palácio, o chefe da missão deobservadores da OEA na Bolívia, Horacio Serpa, elogiou o processoeleitoral e disse que ele “reflete a maturidade da democraciaentre os cidadãos”.