Aproveitamento de pulmões para transplantes é de apenas 5% no país

06/12/2009 - 10h27

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A média de aproveitamento dos pulmões para transplantesno Brasil é de apenas 5%, enquanto no restante do mundo chega a 10% ou 15%.Dois fatores interferem diretamente nesse baixo índice: a dificuldade paraidentificar um doador em potencial e a fragilidade do órgão.O médico assistente do Instituto do Coração do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor) eprofessor da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Pego Fernandes, explica quede todos os órgãos sólidos transplantados, o pulmão é o único que tem contatodireto com o meio ambiente e por isso fica muito mais exposto a infecções doque o rim, o fígado e o coração.Outro problema, segundo Fernandes, é a maior incidência detraumas no Brasil em relação a países mais desenvolvidos, onde a grande maioriados doadores são vítimas de derrame e morte cerebral. “Esse tipo de morteoferece menos trauma do que um acidente de motocicleta, carro, um tiro.Ele observa, ainda, que há dificuldades no momento em que a pessoa é atendida,especialmente no que se refere aos cuidados para que não ocorra infecção nopulmão desse paciente e possível doador.No InCor, 60 doentes estão na fila de espera por um pulmão. Em 2008 foramrealizados 23 transplantes. “Seria uma fila de espera para três anos. O tempo estáem 18 meses, o que é relativamente alto", disse Fernandes.Para tentar mudar essa realidade e a captação deórgãos, o InCor realizou em novembro um curso para orientar os profissionais decidades do interior a  identificar melhor os possíveis doadores.Os pré-requisitos básicos para que o pulmão seja doado são a ausência depneumonia, não estar broncoaspirado (quando o paciente regurgita e aspira) enão ter infecção em outro órgão. Além disso, o paciente não pode ser muitoidoso e deve ter a pressão arterial razoável, com condições circulatóriasadequadas.O número de transplantes no Brasil cresceu 24,3% noprimeiro semestre de 2009 em relação ao mesmo período de 2008. De janeiro ajunho foram transplantados 2.099 órgãos em todo o país, contra 1.688 no mesmointervalo no ano passado.Deacordo com o Ministério da Saúde, o transplante de rim aumentou 30,28% noperíodo e o de fígado, 23,17%. No entanto, no mesmo período, os transplantes decoração e de pulmão - que têm mais dificuldades na captação e manutenção dosórgãos - caíram 20,4% e 15,38%, respectivamente.