GDF elevou gastos com a Uni Repro para execução de serviços gráficos

04/12/2009 - 21h08

Alex Rodrigues*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O contrato que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (GDF)assinou com a Uni Repro Serviços Tecnológicos emoutubro de 2007 elevou de R$ 235 mil para mais de R$ 14,8 milhõesos gastos governamentais com serviços gráficos, umaumento de mais de 6000% em apenas dois anos. Segundo olevantamento feito em agosto deste ano pela assessoria do deputadodistrital Chico Leite (PT), em 2006 o GDF gastou R$ 235 mil com ostrabalhos realizados por outras empresas. Ressalte-se que, atéesta época, boa parte dos serviços de impressãoe reprodução era realizada na gráfica da própriaSecretaria de Saúde.Com a contratação daUni Repro, no entanto, em apenas dois meses o valor empenhadoaumentou mais de cinco vezes, ultrapassando os R$ 1,3 milhão.De acordo com dados recolhidos pelos assessores do deputado noSistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo/DF), emoutubro de 2007 foram empenhados R$ 767 mil e, em dezembro, mais R$600 mil. Já em 2008 o empenho chegou a R$ 14,8milhões. Ainda conforme os números do Siggo/DF, em2009, somente até agosto - quando os pagamentos foramsuspensos após a secretaria identificar irregularidades em umsegundo contrato firmado com a empresa -, foram empenhados R$ 10,2milhões. “Em 2006, o GDF gastou R$ 235 mil comserviços gráficos. Dois anos depois, esse gasto haviasubido mais de 6000%. Como explicar que na Secretaria de Saúdefalta dinheiro para o fundamental, como remédios, médicose equipamentos, mas não para serviços gráficos?”,questionou Chico Leite.Ainda em agosto deste ano, o deputadodistrital Dr. Charles (PTB) denunciou o que classifica como umasituação “inadmissível”. Segundo ele, emdado momento, somente o Hospital de Taguatinga chegou a receber maisde 50 máquinas copiadoras.“Enquanto nãotínhamos, e ainda não temos, remédios básicos,o GDF tripudia do cidadão assinando contratos milionárioscom essa empresa. Isso é inadmissível”, declarou odeputado, sugerindo que somente após suas queixas a Secretariade Saúde tomou alguma providência. Com sede emSão Paulo (SP), a Uni Repro é uma das empresas acusadaspelo ex-secretário de Relações Institucionais,Durval Barbosa, de pagar propina a integrantes do GDF para obtercontratos de prestação de serviço com órgãose empresas públicas, conforme inquérito da PolíciaFederal. Ainda de acordo com Barbosa, o dinheiro obtido com oesquema servia para que o governador José Roberto Arruda (DEM)comprasse o apoio político de deputados distritais e tambémpara o “enriquecimento pessoal” de alguns dos envolvidos noesquema. Em um vídeo gravado por Barbosa, o ex-subsecretáriode Recursos Humanos da secretaria, João Luiz, aparecerecebendo cerca de R$ 20 mil referentes, segundo Barbosa, ao contratoda Uni Repro. Para assinar o contrato com a Uni Repro, o GDFdispensou a licitação e usou como modelo a ata depreços e o contrato firmado, em 2006, pela SecretariaMunicipal de Saúde de São Paulo que, diferentemente dasecretaria do GDF, realizou um pregão eletrônico vencidopela mesma empresa. Em agosto de 2007, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal decidiuque tal procedimento era inconstitucional e recomendou que a UniRepro não fosse contratada. Por duas vezes o GDF recorreu dadecisão, mas a Procuradoria manteve a mesma recomendação.A Agência Brasil manteve contato com a assesoria da Uni Repro que até a publicação da reportagem não retornou a ligação.Hoje (4), por meio denota, a Corregedoria-Geral do Município de São Pauloinformou que instaurou um procedimento para averiguar a documentaçãoe a atual situação cadastral das empresas CallTecnologia e Serviços, Uni Repro e CTIS Tecnologia. Ocorregedor-geral, Olheno Ricardo de Souza Scucuglia, comandaráa verificação da regularidade dessas empresas.