Farmácia de Alto Custo do DF tem 30 remédios em falta; população reclama de difícil acesso

04/12/2009 - 15h38

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - AFarmácia de Alto Custo da Secretaria de Saúde doDistrito Federal tem hoje (4) uma lista de pelo menos 30 medicamentosque deveriam ser oferecidos gratuitamente à população,mas que estão com estoque zero.A AgênciaBrasil já havia publicado uma denúncia sobreproblemas com a distribuição de remédios de altocusto em agosto deste ano. Na época, pelo menos 15medicamentos estavam em falta e a previsão para normalizar oestoque era de dez dias.A dona decasa Ruth de Moura, 56 anos, acordou cedo ontem (3) para ir ao locale buscar o remédio que toma para tratar de uma asma grave. Malchegou, recebeu a notícia de que o remédio estava emfalta. A única opção, segundo ela, foi voltar aohospital e trazer uma receita diferente – na qual constava ummedicamento substituto e disponível na farmácia.“Amédica alterou porque não posso comprar em outro lugar.Às vezes, não tenho nem o dinheiro da passagem e elesfazem a gente ir de lá para cá. Perdemos ainda maistempo”, reclamou Ruth. Há sete anos tentando tratar adoença, ela admite que, só neste ano, já ficouduas semanas sem tomar o remédio porque o estoque era nulo naFarmácia de Alto Custo.Maria daGlória Bernardo, 61 anos, confirmou a dificuldade por parte daSecretaria de Saúde em manter o estoque de remédios. O marido dela sofre de asma desde criança. A dona decasa contou que, entre setembro e outubro deste ano, teve querecorrer aos filhos para conseguir comprar o medicamento em falta naFarmácia de Alto Custo.“Cadaum teve que dar um pouquinho porque o remédio custa R$ 98,00”,disse. Maria da Glória teme que a crise vivida pelo governo do Distrito Federal acabe por prejudicar ainda mais adistribuição de medicamentos de alto custo. “No lugarde colocarem mais remédios para a gente, estãoroubando. Foi uma decepção muito grande."Osecretário de Saúde em exercício, FlorêncioFigueiredo, afirmou na última quarta-feira (2) que os serviçosde atendimento à população continuam“inalterados e garantidos” e que as mudanças no comando doórgão não vão interferir no funcionamentotécnico e administrativo.Aaposentada Nilza Gomes foi ao local para pegar medicamentos para o filho que foi diagnosticado com esclerose múltipla aos 21 anos. Ela reclama que, alémde ter que enfrentar a falta de medicamentos, a burocracia égrande para quem precisa receber com rapidez uma medicação.Ao chegarhoje à Farmácia de Alto Custo, foi orientada avoltar ao hospital e buscar um novo pedido para o medicamento porquea receita que tinha em mãos havia expirado no últimodia 30. “Passei 43 dias com minha mãe internada mas para elesisso não justifica”, disse.Por contade uma nova ida ao médico, Nilza terá que pegar maisdois ônibus e só deve conseguir o medicamento para ofilho em um prazo de cinco a oito dias – tempo necessáriopara que o requerimento fique pronto. Como ela já sabe das dificuldades, mantém um estoque reserva do remédio emcasa.A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Saúde do DF, mas ainda não obteve resposta para a falta de medicamentos.