Pesquisa indica avanços na educação de jovens, mas alerta para desigualdades

03/12/2009 - 10h36

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Asituação educacional de brasileiros com idadeentre 15 e 29 anos é um misto de avanços, problemas edesafios, de acordo com estudo divulgado hoje (3) pelo Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento tem como basedados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, queindica um total de 49,7 milhões de jovens no país –26,2% da população.OIpea destaca como principal avanço o fato de os jovens,atualmente, conseguirem passar mais tempo em sala de aula e teremmaior escolaridade do que os adultos. Em 1998, a média de anos de estudoentre pessoas de 15 a 24 anos era 6,8. No ano passado, a  média era de 8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos. No grupo de 25 a 29 anos, a média chegou a 9,2 – 3,2anos de estudo a mais do que entre  a população acima dos 40anos.Maso estudo alerta que o processo de escolarização damaioria dos jovens brasileiros ainda é marcado poroportunidades limitadas e que, no país, prevalecem expressivasdesigualdades educacionais entre ricos e pobres, brancos e nãobrancos, e moradores de áreas urbanas e rurais e das diferentes regiões.A pesquisa também destaca que apenas a metade dos jovens brasileiros de 15a 17 anos frequenta o ensino médio na idade adequada e que 44% ainda não concluíram nemmesmo o ensino fundamental. Nas regiões Nordeste e Norte, as taxas de frequência (36,4% e 39,6%,respectivamente)  são bem mais baixas do que no Sudeste e Sul(61,8% e 56,5%, respectivamente).Oacesso ao ensino superior é ainda mais restrito, comfrequência de apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos. Uma boaparcela dos que têm mais de 18 anos – cerca de 30% –conseguiu completar o ensino médio, mas sem buscar acontinuidade de estudos no ensino superior.OIpea ressalta também que a proporção de jovensfora da escola cresce de acordo com a faixa etária: 15,9%, entre os jovens  de15 a 17 anos; 64,4%, de 18 a 24 anos; e 87,7%, de 25 a 29 anos.Umdestaque positivo apontado na pesquisa é que o maior nívelde escolaridade também se reflete na menor taxa deanalfabetismo entre os jovens. Na faixa de 15 a 17anos, a queda foi de de 8,2%, em 1992, para 1,7%, em 2008, e, na faixa de18 a 24 anos, foi de 8,8% para 2,4%, no mesmo período. Entretanto,de acordo com o estudo, a reduçãodo analfabetismo entre jovens nos últimos dez anos nãofoi acompanhada da diminuição das disparidadesregionais, sobretudo no Norte e Nordeste.Para a técnica responsável pela área de juventude no estudo, JoanaMostafa, o ensino médio e o superior são os principais desafios.Ela chamou a atenção ainda para a questão da transição do trabalho paraa escola, sobretudo para as jovens.“As meninas de 15 a 17 e,sobretudo, de 18 a 29 anos acabam perdendo lugar social. Elas saem daescola e não entram no mercado, não estudam nem trabalham. Ficamprovavelmente como donas de casa, um trabalho não remunerado e quemostra bem o lugar ainda ocupado pela mulher na sociedade brasileira.”