Governo brasileiro aguarda desdobramentos em Honduras para reavaliar sua posição

03/12/2009 - 18h35

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A negativa do Congresso Nacional de restituir o governo do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, abre uma brecha para que o Brasil reveja a sua posição de não reconhecer as eleições do último domingo (29). A estratégia do Itamaraty é a de aguardar eventuais mudanças napolítica interna hondurenha para tomar a decisão. Diplomatas que acompanham as discussões sinalizam que serão observadasainda as manifestações da Organização dos Estados Americanos (OEA) edos demais países da região.Os negociadores brasileiros dizem que o país se dispõe a reavaliar a sua decisão desde que as autoridades deHonduras demonstrem que respeitam os princípios democráticos. Osdiplomatas chamam este processo de batismo democrático. Osarticuladores brasileiros não têm pressa, segundo os diplomatas. Oobjetivo é examinar eventuais mudanças no cenário interno de Honduras eanalisar seus desdobramentos políticos, para depois anunciar umapossível mudança de posição.Ontem (2), o presidente Luiz InácioLula da Silva e o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim,reiteraram que a posição do governo brasileiro é a de negar a legitimidadedo processo eleitoral hondurenho, sem reconhecer o presidente eleito,Porfirio “Pepe” Lobo. No entanto, ambos sinalizaram que é necessáriodar um prazo para avaliar os fatos em Honduras.Amanhã (4) aOEA se reúne extraordinariamente para definir uma posição oficial sobre as eleições hondurenhas e a respeito da decisão de ontem do Congresso derejeitar a volta de Zelaya - 111 deputados foram favoráveis aoafastamento de Zelaya e apenas 14 votaram pela sua restituição. Paraas autoridades estrangeiras, o ideal teria sido o cumprimento do acordoautorizando o retorno do presidente deposto.De acordo com osnegociadores internacionais, é fundamental, ainda, debater a questão dareconciliação nacional em Honduras que envolveria uma espécie degoverno da unidade – ou de transição. Zelaya foi deposto por um golpe de Estado articulado pelo Congresso, a Suprema Corte e as Forças Armadas no dia 28 de junho. Ele deixou o país e depois no dia 21 de setembro retornoua Tegucigalpa. Desde então, elee um grupo de correligionários estão abrigados na embaixada do Brasilna capital de Honduras.O prédio da embaixada está cercado por militares, hálimitações para a entrada de pessoas, alimentos e de qualquer tipo de material, e a tensãoé permanente. As autoridades brasileiras reafirmaram que o presidentedeposto pode ficar na embaixada o tempo que considerar necessárioporque ele é hóspede do Brasil.