Presidente eleito diz que Brasil terá de reconhecer legitimidade do pleito em Honduras

02/12/2009 - 16h23

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, conhecido como“Pepe”, disse que não aceitará interferências externas no seugoverno, em um recado direto para o Brasil e a Venezuela. Pepe Loboafirmou que “o Brasil vai retomar a razão” e reconhecer alegitimidade das eleições por pressão da realidade políticahondurenha, que, segundo ele, teria comprovado o respeito aosprincípios democráticos.As informações são do jornalchileno La Tercera, que publicou hoje (2) uma entrevista depágina inteira com Pepe Lobo. Na entrevista, o presidente eleitoafirmou que: “O Brasil irá aceitar a realidade com o tempo. OBrasil vai retomar a razão à medida que se dê conta da realidade.A realidade é que as eleições reforçaram a nossa democracia.”Anotícia foi reproduzida pela imprensa hondurenha, que destacou afrase de Pepe Lobo sobre o Brasil e a intenção do presidente eleitode iniciar um processo de governo de unidade com a inclusão dopresidente deposto, Manuel Zelaya.“Minha convocação éaberta. Não posso começar fazendo exclusões, porque isso tira alegitimidade da própria convocação. Há um processo que está emcurso e deve seguir, por isso, convoco um diálogo amplo que tomeconta das sensibilidade inclusive de quem esteve do outro lado nosúltimos meses”, disse Pepe, na entrevista ao jornalchileno.Ontem, o o presidente Luiz Inácio Lula da Silvareiterou que o Brasil rejeita os resultados das eleições emHonduras, realizadas no último domingo, e não pretende dialogar comPepe Lobo – que foi eleito pela coligação de oposição aopresidente deposto, Manuel Zelaya. “A reunião nãoprecisaria ter uma posição conjunta. Não somos instância dedeliberação sobre Honduras”, disse Lula. “O problema agora émuito mais de Honduras do que do Brasil.” Em seguida, eleacrescentou: “O golpista [Roberto Micheletti, presidente doCongresso Nacional, que assumiu a Presidência de Honduras em 28 dejunho deste ano, com a deposição do presidente Zelaya] agiucinicamente, deu um golpe no país e convocou eleição quando nãotinha o direito de fazê-lo. Não dá para fazer concessão agolpista.”Na entrevista, Pepe Lobo afirmou ainda que nãopermitirá a ingerência do governo da Venezuela, que apoiou Zelaya –abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde 21 de setembro.“Que [Hugo Chávez] não intervenha em Honduras porque nãovamos permitir isso. Somos cuidadosos com a nossa soberania”, disseele.