PIB da construção civil deve crescer 1% em 2009, prevê Sinduscon-SP

02/12/2009 - 16h21

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil brasileira deve crescer cerca de 1% neste ano. A projeção foi divulgada hoje (2) pelo Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP). De acordo com o balanço do Sinduscon-SP, de janeiro a setembro de 2009, o nível de emprego cresceu 7,3%, quando comparado com igual período de 2008.No final de setembro, os trabalhadores com carteira assinada na construção civil eram 2,297 milhões, dos quais 212 mil foram contratados nos primeiros nove meses do ano. De acordo com os dados do Sinduscon-SP, o setor imobiliário cresceu 4,82%, enquanto o de infraestrutura apresentou elevação de 8,08%. Segundo a economista Ana Maria Castelo, da Fundação Getulio Vargas, os resultados são muito melhores do que se esperava no início do ano. “A crise afetou o setor da construção civil principalmente em relação ao crédito e ao capital de giro. O governo reagiu oferecendo linhas para o capital de giro e, com o programa Minha Casa, Minha Vida, as expectativas de que as vendas e as obras não tivessem continuidade se reverteram.”Ela explicou que por conta disso as empresas continuaram trabalhando em ritmo acelerado com expectativas boas para o final de 2009 e início de 2010. Ana Maria ressaltou que a parte das empresas continuou evoluindo bem durante o ano graças às medidas anticíclicas do governo, mas a outra parte – a indústria e o varejo – sentiu mais a crise. “E o PIB da construção civil é a soma dessas duas partes. Então, a taxa de crescimento deste ano vai ser refletida por isso”.O comércio varejista registrou queda de 7% até setembro, o que é explicado pela redução das compras pelas famílias, que no início temeram pela continuidade do empego e da renda. Com a posterior retomada da confiança e recuperação do crédito, o consumidor voltou ao varejo. Segundo a economista, o setor sentiu muito a crise e a desoneração de materiais de construção contribuiu para que as famílias voltassem aos poucos ao comércio. “Há um crescimento na margem. No entanto, no acumulado do ano, os números são muito negativos. A desoneração foi importante para reverter [a situação], mas ainda há uma queda grande em relação a 2008.”A indústria sofreu os reflexos da queda no varejo e chegou a setembro com retração de 9,7% na venda de insumos. As exportações também contribuíram para a queda. “O ritmo muito intenso de vendas anteriores levou ao desabastecimento e com isso o comércio estocou materiais pensando no crescimento que estava previsto. A crise alterou esse quadro e forçou os ajustes de produção com base no que seria o consumo e houve redução drástica de produção.” Ana Maria ressaltou que o crescimento do PIB do setor em 2010 deve ser de 8,8% o que é atribuído ao aumento dos investimentos de forma generalizada. “Esse aumento vai ser mais intenso na área imobiliária residencial. Não devemos esquecer também o início das obras para as Olimpíadas e a Copa do Mundo e as próprias eleições, que são importantes para a construção civil”.De acordo com as estimativas do Sinduscon-SP, os investimentos imobiliários devem passar de R$ 170 bilhões, em 2009, para R$ 202 bilhões, em 2010. O PIB da construção civil deve chegar a R$ 150 bilhões e os postos de trabalho com carteira assinada devem crescer 8%, com a criação de 2,4 milhões de empregos - 180 mil a mais do que em 2009.