Ingresso excessivo de capital externo no Brasil pode ser negativo, diz prêmio Nobel de economia

02/12/2009 - 19h05

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O prêmio Nobel de economia de 2008, Paul Krugman, afirmou hoje (2) que o Brasil deve olhar com cuidado o aumento muito rápido do investimento financeiro do exterior no país. O professor da Universidade de Princeton citou exemplos de países que receberam, por um período, um fluxo muito alto de capitais e logo em seguida entraram em crise.“A história indica que, na verdade, você não vai querer sempre o maior destaque. A minha própria experiência, eu me lembro muito bem, em 1993, você poderia participar de conferências e as pessoas falariam como o México era maravilhoso na época, como era bom para investir. Um ano depois foi a crise. Assim também foi na Argentina", disse Krugman a jornalistas, em São Paulo. Na avaliação do professor, a forte entrada de capitais no país pode ser lida como uma avaliação exagerada de investidores internacionais. “O Brasil não será superpotência amanhã. O mercado, no entanto, já valoriza isso." Krugman considerou a taxa de câmbio brasileira “injustificavelmente” alta, o que pode fazer com que as exportações freiem e haja uma diminuição das reservas do país. “Acabei de ver a taxa de câmbio. E parece muito elevado, em um nível que é difícil de justificar. Enfim, a única vez que vocês chegaram próximos foi no começo de 2008, e foi com os preços incrivelmente alto das commodities. Então, é difícil ver e entender que esse valor possa fazer sentido”, afirmou. O prêmio Nobel destacou reação econômica do Brasil diante da crise econômica. Segundo ele, o país apresentava um perfil financeiro no início da crise muito positivo, o que fez com que o Brasil pudesse lidar com os problemas econômicos como os países desenvolvidos, sem ter de recorrer, por exemplo, a fortes elevações da taxa de juros para manter os investimentos. Krugman disse ainda que não gostaria de fazer previsões a curto prazo de crescimento, mas que as condições brasileiras pós crise indicam um futuro promissor. "Pela primeira vez em toda a minha carreira o Brasil saiu melhor da crise que resto do mundo e é por isso que vocês estão com tudo." O prêmio Nobel  ainda fez uma breve comparação entre os países em desenvolvimento. Segundo ele, o Brasil está em situação melhor que a Índia e a China, mas ainda está defasado no quesito educação básica, um dos fatores que pode impulsionar o crescimento de um país.“O Brasil é, em parte, substancialmente mais rico que a China ou a Índia, apesar do crescimento rápido deles. Vocês têm um peso maior, vocês tem uma média maior, enfim, estão em vantagem. O que faz um crescimento econômico rápido? Não sabemos a resposta, mas educação básica parece ser importante, e o Brasil está atrás, de certa forma, nesse quesito.”,