Exploração do pré-sal e Copa do Mundo vão reaquecer indústria siderúrgica, prevê instituto

02/12/2009 - 19h20

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os investimentos previstos para o país no setor de petróleo e gás, com a exploração de petróleo na camada pré-sal, somados aos eventos esportivos que se realizarão no país em 2014 (Copa do Mundo) e em 2016 (Olimpíadas),  representam uma demanda adicional de produtos siderúrgicos da ordem de 8 milhões de toneladas de 2009 a 2016. Os investimentos serão feitos na área de infraestrutura e totalizam, somente  para as Olimpíadas e a Copa do Mundo, um orçamento previsto de  US$ 72 bilhões.A informação foi dada hoje (2), no Rio de Janeiro, pelo presidente do Instituto Aço Brasil (IABr), Flávio Azevedo. “Dá alguma coisa de cerca de 1,1 milhão de toneladas adicionais de produtos siderúrgicos por ano até 2016”. O presidente da entidade, que representa o setor siderúrgico, enfatizou que “esses programas colocarão no consumo aparente de produtos siderúrgicos, projetado para 2010, um adicional de 1,5 milhão de toneladas”.

Em razão da crise internacional, a produção de aço brasileira experimentou retração de 28,5% nos dez primeiros meses deste ano, com vendas caindo 32,4% no mercado interno  e 4% no mercado exterior. Azevedo disse que a perspectiva é fechar 2009 com produção de 26,6 milhões de toneladas, revelando redução de 20,8% em relação aos 33,7 milhões de toneladas registradas em 2008.

O consumo aparente previsto para 2009 é de 18,7 milhões de toneladas, mostrando decréscimo de  21,9% ante o ano passado. Azevedo avaliou, porém, que a expectativa é de retomada após a crise. O consumo aparente projetado para o Brasil em 2010 é de 22,9 milhões de toneladas, “voltando ao patamar de 2007”. O aumento esperado é de 21,6%. Acrescentou que “uma das coisas que devem ajudar o setor são os eventos do pré-sal, a Copa e as Olimpíadas”. A produção de aço bruto deverá crescer 24,2% no próximo ano, alcançando 33,1 milhões de toneladas.

 Azevedo reiterou que  o setor siderúrgico não é inflacionário. Com base em estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do estado de São Paulo, ele afirmou que os componentes siderúrgicos têm peso na fabricação de produtos, como veículos, “mas não são um elemento de custo”.

O presidente da entidade informou que a participação dos componentes feitos em aço no peso de  automóveis com imposto é de 55,7% em um carro popular e de 50,3% em um veículo de luxo. Já a participação do aço no valor do automóvel é de 9,01% e de 6,89%, para os dois tipos de carro, respectivamente. Azevedo afiançou que “se o aço aumentar 10%, o custo no veículo aumenta 1%”.

 O presidente do IABr adiantou que o setor está estudando uma série de medidas antidumping e valoração aduaneira, para coibir concorrência  desleal, tendo em vista que, em decorrência da crise, há um excedente de produção em vários países. A China, por exemplo, tem um excedente de 150 milhões de toneladas de aço.

 A ideia é evitar importações predatórias com preços aviltados. “A gente tem que saber se defender, não só como setor, mas como país”, advertiu.