Ex-secretário diz que esquema de corrupção no Distrito Federal teve início em 2002

02/12/2009 - 18h38

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Se as denúnciasapresentadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais doDistrito Federal Durval Barbosa ao Ministério Público doDistrito Federal e Territórios forem verdadeiras, o esquemade corrupção revelado pela Polícia Federal (PF) na Operação Caixa de Pandora está em funcionamento desde 2002.De acordo com Barbosa, o então deputado federal José Roberto Arruda (DEM) buscava apoio político efinanceiro para lançar-se candidato ao governo do Distrito Federalem 2006. Barbosa disse aos promotores de JustiçaSérgio Bruno Cabral Fernandes e Clayton da Silva Germano que Arrudacomandava a cobrança de propina de empresas privadas que prestamserviços ao governo do DF. Segundo Barbosa, em 2002, Arruda játeria escolhido "alguns nichos do governo para administrar osseus negócios”. Ele citou entre os órgãos e empresaspúblicas onde o então deputado tinha influência a CompanhiaEnergética de Brasília (CEB), o Instituto Candango de Solidariedade(ICS), o Metrô e o Banco de Brasília (BRB). Arruda teria também influência naCompanhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), que Barbosa presidia na época. Conforme a denúncia, Arruda valia-se de suainfluência para negociar os contratos de terceirização com o entãosecretário de Planejamento, José Luiz Vieira Naves. Uma dassupostas negociações ilícitas denunciadas envolve aempresa Notabilis, pertencente ao assessor de comunicação e homemde confiança de Arruda, Omézio Pontes, a seu irmão Orlando Pontese a um filho de Arruda, Marcos Sant´Ana Arruda. Arruda, ainda deputado federal,teria pedido a Barbosa que contratasse a Notabilis. Notas fiscaiscomprovam que, entre dezembro de 2003 e julho de 2006, a Codeplanpagou R$ 723 mil à empresa. Em dezembro de 2005, próximo à possede Arruda, Omézio e Marcos deixaram a sociedade na empresa, quepassou a ser controlada por Orlando e um novo sócio, Milton DiasGuimarães. Nodepoimento, Barbosa menciona propinas pagas pelos empresários JoséCelso Gontijo, da Construtora JC Gontijo, e Cristina Boner, do ramode informática, que teria doado R$ 1 milhão à campanha de Arruda,entre outros. O ex-secretário diz que Arruda pediu aos responsáveis pelasprincipais empresas de informática no DF que investissem em suacampanha, prometendo a eles retorno financeiro. A Poliedro, a B2Br, aConecta, a Linkdata, a Prodata e a Politec teriam “ajustado” adoação de R$ 1 milhão cada. Deacordo com Barbosa, todas as despesas da campanha foram pagas com dinheiro entregue irregularmente por empresas queaceitavam o “pedágio” para serem contratadas pelo governo. Paramostrar como o esquema funcionava, Barbosa entregou ao MinistérioPúblico documentos indicando que, além de financiar parte dosgastos de campanha, a Codeplan custeou o governo de transição. Eledisse que foram desviados da companhia R$ 57,7 milhões entre 2004 esetembro de 2006. Segundo Barbosa, outra parte dos recursos arrecadados pagava pelo apoio políticode deputados distritais e de líderes de partidos como o PRP, o PP eo PTC. Com a vitória de Arruda, os políticos continuaram recebendoquantias mensais para manter  seu apoio. Também teriam participação no esquema representantes do PMDB e do PSDB. Oex-secretário entregou aos promotores 30 fitas com imagens gravadaspor ele mesmo enquanto negociava ou distribuía dinheiro entre osparlamentares. A cada 15 dias, Arruda recebia o dinheiro coletado por suaequipe, prossegue Barbosa, que teria sido encarregado pelo governador deentregar quantias mensais a um grupo de deputados distritais LeonardoPrudente (DEM), R$ 50 mil; Eurides Brito (PMDB), R$ 30 mil; JuniorBrunelli (PSC), R$ 30 mil; e Benício Tavares (PMDB), R$ 30 mil.Também recebiam dinheiro o ex-deputado Odilon Aires (R$ 30 milmensais) e o ex-chefe de gabinete do governador Fábio Simão (R$ 30mil).