Pacientes com HIV lutam contra efeitos da doença sobre aparência física

01/12/2009 - 19h14

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mudanças na aparênciafísica são consideradas por pessoas que têm HIV como um dos principaisproblemas decorrentes da doença, como revela pesquisa do Ministério da Saúde. A síndrome da lipodistrofia é responsável por parcelasignificativa dessas mudanças. Provoca alterações na distribuiçãode gordura no corpo e está relacionada ao uso dos antiretrovirais.A psicóloga ReginaLúcia, 58 anos, convive com HIV há 12 anos e apresenta sinais doproblema. “Meu abdômen está bastante expandido. Tem a perna queafina, o bumbum diminui, mas nada incomoda tanto como abdômen”.Segundo conta, as alterações no corpo, além de provocar dores, deixam marcas emocionais tão incômodas quanto. “É uma coisa triste. Tenho, nas costas, uma giba, que atrapalha muito paradormir, dirigir. Mas o pior é que mexe diretamente com a nossaautoestima. Você não fica bem. No momento em que eu me sinto gordae inchada, não aceito”, completou. As sequelas da lipodistrofia são tão graves que várias pessoasdeixam de sair de casa com vergonha do próprio corpo ou chegam apensar em desistir ou do tratamento. O problema assusta mais quem nasceu com a doença ou foi infectado  no início dajuventude e precisará fazer o tratamento por toda a vida“Se a pessoa tem perda degordura na face, tem medo de ser identificada, relacionadas à doença. É um medo do preconceito também”, acrescentaa assessora técnica do departamento de aids do ministério, KátiaAbreu.Segundo a médica, a lipodistrofia não tem cura e aparece tanto em mulheres quanto em homens. O Ministério da Saúdeestima que cerca de 49% das pessoas que tomam antiretrovirais podemapresentar as alterações de gordura. No entanto, os remédios não são os únicos fatores de risco do problema, que está aliado aos hábitos de vida do pacientes“Os remédios nãosão os vilões”, destacou Abreu. “É uma combinação de efeitosdos remédios, do próprio HIV – temos pessoas com mais de duasdécadas com HIV –, além dos fatores do envelhecimento, genética,sedentarismo, tabagismo e a dieta alimentar." Para amenizar o sofrimento dos pacientes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cirurgiasplásticas reparadoras aos paciente encaminhados pelos própriosmédicos da rede. Desde quando o procedimento foi autorizado, em 2006, foramrealizadas cerca de 9 mil cirurgias do tipo - a maioria depreenchimento facial.