Presidente da Costa Rica disse que as eleições em Honduras foram "limpas e transparentes"

30/11/2009 - 14h34

Lísia Gusmão
Enviada especial
Estoril (Portugal) - O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, disse que o comparecimento da população às urnas demonstrou a vontadedos hondurenhos de “passar a página do triste golpe de Estado”, queafastou o presidente Manuel Zelaya do poder há cinco meses. Ex-mediadorda crise política em Honduras, Arias afirmou que as eleições de ontem (29) foram tão “limpas e transparentes” quanto as realizadas em qualquer outro país da América Latina.“Ogoverno da Costa Rica vai reconhecer as eleições. Perfeitas, aseleições na América Latina não são. Mas a informação que tenho deTegucigalpa é que tudo ocorreu mais ou menos dentro da normalidade”,disse Arias, durante a 19ª Cúpula Ibero-Americana em Estoril, comparando o pleito em Honduras ao do Irã. "Há muitos países da comunidade internacional que aceitam as eleições no Irã, que foram questionadas, que se sabe que não foram limpas. Todos sabem que nçao foram transparentes", disse, em referência à posição brasileira.  Ariasevitou polemizar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que mantém a decisão brasileirade não reconhecer as eleições hondurenhas, mas aceitou a decisão dasurnas nas eleições iranianas. “Não vim aqui para polemizar comninguém. Mas repetirei meus argumentos ao presidente Lula”, disse,admitindo que a Cúpula de Estoril está dividida quanto à questão deHonduras. Segundo ele, o fato deque as eleições hondurenhas terem sido conduzidas pelo governo golpista não as invalida. Para justificar tal argumento, Arias citou processoseleitorais realizados por ditaduras latinoamericanas que levaramalguns países à transição democrática, incluindo, o Brasil, com avitória de Tancredo Neves no pleito ocorrido em 1985, no apagar das luzes da ditadura militar no Brasil. “Averdade é que estou pensando no povo hondurenho. Por causa dainflexibilidade e intransigência do governo vamos castigar opovo hondurenho e transformar Honduras numa espécie de Albâniacentroamericana?”, questionou Arias.  Ele disse ainda que o processo eleitoral em Honduras neste domingo não apaga o passado, mas ressaltou a importância do que chamou “um novo elemento”: o presidente eleito Porfirio Lobo.