Possibilidade de isolamento levará Brasil a reconhecer eleições em Honduras, diz Jungmann

30/11/2009 - 16h50

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sob ameaça de ficar isolado no cenário internacional, o Brasildeverá reconhecer a legitimidade do resultado das eleições emHonduras, realizadas ao longo do dia de ontem (29). A análise é doúnico observador brasileiro no processo eleitoral hondurenho, odeputado federal Raul Jungmann (PPS-PE), que desde sexta-feira (27)percorre as ruas das principais cidades de Honduras e conversa com oseleitores.“É inevitável o governo do Brasil mudar deposição. Isso pode não ocorrer agora. Mas tem de reconhecer que oprocesso eleitoral aqui em Honduras obedeceu aos princípiosdemocráticos”, disse Jungmann à Agência Brasil. Odeputado faz parte de um grupo de 300 observadores estrangeiros. “Ovalor da vontade popular, quando é feita livremente, é soberano”,afirmou ele.Jungmann disse que “não tem dúvida alguma”de que, nas principais zonas eleitorais de Honduras, tudo ocorreudentro da normalidade. Para ele, o possível percentual elevado deabstenção representa pouco no processo eleitoral hondurenho, pois ovoto no país não é obrigatório.O deputado federal afirmouter ouvido entrevistas do presidente de Honduras, Roberto Micheletti,reconhecendo as eleições. Segundo Jungmann, o presidente deposto,Manuel Zelaya, estaria isolado.Ontem, o presidente LuizInácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil não vai reconhecer oresultado das eleições em Honduras. “O Brasil não tem por querepensar a questão de Honduras. É importante ficar claro que agente precisa, de vez em quando, firmar convicção sobre as coisas,porque isso serve de alerta para outros aventureiros”,disse.Segundo Lula, foi “um sinal perigoso e delicado” ofato de os golpistas não terem  permitido o retorno de Zelayaao poder. “Ainda existem muitos países, sobretudo da AméricaCentral, em situação de vulnerabilidade política. Portanto, oBrasil não tem que reconhecer nem repensar a questão de Honduras”,afirmou.Para o governo brasileiro, reconhecer a legitimidadedas eleições de Honduras durante a vigência do governo Michelettié referendar a validade do golpe de Estado ocorrido em junho. No dia28 de junho, uma manobra política organizada com apoio do CongressoNacional, da Suprema Corte e das Forças Armadas depôs Zelaya.