País precisa diminuir gargalos nos investimentos para evitar "caladão", diz executivo

30/11/2009 - 6h44

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor de telecomunicações do Brasil não corre risco de um possível “caladão”, mas a falta de incentivos pode comprometer investimentos futuros. Essa é a opinião do vice-presidente de Políticas Públicas da GSMA, uma associação global de telefonia móvel,Ricardo Tavares. De acordo com ele, o que precisa ser discutido é oambiente para investimentos nos próximos anos. “Hoje nãoexiste risco de caladão. Mas corremos o risco de ter um caladão de banda larga”, afirma Tavares. Os investimentos em telefonia ebanda larga móveis são altos no país. Juntos, os setores já ultrapassaram a marca dos 75 milhõesde acessos. Só em internet de terceira geração (3G), existem 8 milhõesde usuários no país. O problema está no crescimento exponencial dademanda. A expectativa, segundo Tavares, é de que em 2015 sejam 70 milhõesde pessoas usando banda larga móvel. Só no último mês de outubro, o mercado de celulares e internet móvel cresceu mais de 20%. “Asoperadoras brasileiras investem mais que suas parceiras no Bric[grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China] e na Europa. Oproblema é que, para avançar, os investimentos têm que continuar altos durante muito tempo. Nós não temos o ambiente propício para isso”,explicou o vice-presidente da GSMA. De acordo com ele, algunsproblemas geram um ambiente de insegurança para os investidores do setor,entre eles a alta carga tributária e elevadas taxas de importação deequipamentos. Além disso, algumas questões técnicas como a baixa ofertade backhall – rede de fibra ótica responsável pela velocidade deinternet em uma vizinhança – também são gargalos que precisam serresolvidos porque encarecem os investimentos e diminuem a qualidade doserviço prestado. Em meio a essas questões, Tavares afirma quea ideia de criar um Plano Nacional de Banda Larga é um passoimportante. “Nós estamos entrando num ciclo em que para ter o direito de ser cidadão no século 21, além de alimentação e saúde, será necessário também ter acesso à educação e à banda larga”, avaliou Tavares. Na opinião dele, o papel do governo federal deve ser o de facilitar essas questões cedendo,por exemplo, suas linhas de transmissão. “Se o governo utilizarsua infraestrutura para ser um dos fornecedores de backhall, aí éválido. Mas entrar na disputa pelo consumidor final irá distorcercompletamente o mercado. Vai criar um risco maior para os investidores em vez de favorecer a ampliação dos investimentos”, avalia.OPlano Nacional de Banda Larga foi apresentado pelo ministro dasComunicações, Hélio Costa, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na últimasemana. Ele prevê, entre outras coisas, desonerações fiscais e o papelregulador do Estado na oferta do serviço. O objetivo é baratear euniversalizar o acesso à internet rápida no país.