Manifestações obrigaram autoridades a mudar alguns centros de votação em Honduras

30/11/2009 - 8h46

José Donizete
Enviado especial
Tegucigalpa (Honduras) - Alguns centros de votação nacapital hondurenha foram transferidos de lugar, como o daUniversidade Autónoma (UNA), um dos maiores da cidade, que foi levadode última hora para um centro desportivo. A universidade foi tomadapelos estudantes durante a semana, que permaneceram um dia no campus.Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o local não ofereciasegurança aos eleitores.A Frente de Resistência aoGolpe de Estado - que destituiu o presidente eleito Manuel Zelaya -determinou toque de recolher na capital, mas mesmo nas regiões maispobres, onde os que apoiam Zelaya são maioria, a votação ocorreusem incidentes.

Em San Pedro Sula, centro econômicomais importante do país, a 400 quilômetros da capital,manifestantes da Resistência resolveram ir às ruas contra aeleição. Houve confronto com as forças de segurança , a tropa dechoque usou jatos de água e gás lacrimogênio para dispersar oszelaystas que responderam atirando pedras. Entre os feridos há umcinegrafista da Agência Reuters, que está hospitalizado com fraturana cabeça, depois de ter sido agredido por policiais.

O presidente golpista RobertoMicheletti, que está afastado do cargo até 2 de dezembro e que, nosúltimos dias, vinha denunciando um complô contra ele, votou bemcedo em sua cidade natal - El Progreso -, no Norte do país, cercadopor seguranças.

Os candidatos Elvin Santos, doPartido Liberal, e Porfírio Pepe Lobo, do Partido Nacionalista,também aproveitaram para votar de manhã. Depois, passaram o diavisitando centros de votação em todo o país.

Às 15h30, o TSE informou, em cadeiade rádio e televisão, a prorrogação do horário de fechamento dasurnas, das 16h para as 17h. Pouco antes do fechamento das urnas, opresidente do TSE, Saul Escobar, fez um balanço parcial da votação.Ele disse que as eleições foram tranquilas, sem qualquer incidentemais grave.

Para a resistência e entidades dedireitos humanos de Honduras, as eleições foram uma farsa. Apresidente do Comitê de Familiares de Presos e Desaparecidos(Cofade), Berta Olivar, leu um relatório sobre os últimos atos derepressão a dirigentes da resistência, ocorridos de sábado paradomingo. Segundo a entidade, cerca de 30 pessoas foram presas ouestavam desaparecidas em todo o país e teria havido pelo menos ummorto pelas forças de segurança.O principal líder da Frente deResistência, Rafael Alegria, também considerou as eleições dessedomingo uma farsa que deveria ser repudiada pela comunidadeinternacional.