Juros para os consumidores devem continuar a cair, diz novo diretor do BC

30/11/2009 - 20h53

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os juros para os consumidores têm tendência de queda, apesar das previsões indicando que a taxa Selic (que mede os juros básicos da economia) não voltará a cair, disse há pouco o novo diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Luiz Mendes. Após ter o nome aprovado pelo Senado na semana passada, Mendes tomou posse hoje (30) no cargo.Segundo o novo diretor do BC, o spread – diferença entre os juros cobrados do consumidor final e as taxas de captação de recursos – continuará a apresentar queda. “O spread tem se reduzido e vai continuar caindo”, afirmou.Mendes afirmou que pretende investir na continuidade da política monetária, ancorada na definição dos juros básicos como um instrumento para manter a inflação dentro da meta. Ele, no entanto, disse que pretende investir no esclarecimento de direitos aos consumidores.“Medidas tomadas no passado, como portabilidade do crédito e de cadastro, ajudam na competição bancária. Só que elas poderiam ter mais efetividade porque as pessoas, muitas vezes, não têm consciência disso”, declarou. “Talvez, a gente tenha de tomar medidas que tornem essas conquistas mais claras para a população.”Mendes defendeu ainda a aprovação do cadastro positivo pelo Congresso Nacional para reduzir os juros para os consumidores. Por meio desse cadastro, os bancos terão acesso à relação de bons pagadores, o que, na prática, reduz o risco para o emprestador e significa taxas médias de juros mais baixas.O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a nomeação de Mendes representa o compromisso da instituição com a continuidade da política econômica. Segundo ele, a sociedade brasileira já incorporou o desejo de estabilidade da economia, o que torna mais difícil as interferências externas na política econômica.“No passado, o crescimento rápido não gerava sustentabilidade e aumentava a imprevisibilidade. Hoje, o campo para as inflexões políticas é cada vez mais restrito. É importante manter a linha de ação que o Banco Central tem tomado nos últimos anos”, comentou o presidente do BC.Apesar de ser empossado hoje no quadro de diretores do BC, Mendes ainda não assumiu o cargo de diretor de Política Monetária. O antecessor na função, Mário Torós, trabalhará até sexta-feira, quando a desoneração for publicada no Diário Oficial da União. Nesta semana, de acordo com o Banco Central, Torós passará as tarefas ao novo diretor num período de transição.Torós saiu do Banco Central após conceder uma entrevista ao jornal Valor Econômico no início do mês. Segundo a publicação, ele disse que o real sofreu ataque especulativo e que houve corrida a bancos pequenos e médios no auge da crise financeira. Torós também afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a cogitar a demissão de Meirelles em meados do ano passado, quando o BC reajustou a taxa Selic.