Depois da maior cheia dos últimos 100 anos, Amazonas chega a uma das piores secas

30/11/2009 - 14h30

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Depois de o Rio Negro alcançar 29,77 metros no mês de junho – a maior marca desde 1902 - o nível do rio chegou hoje (30) aos 16 metros em Manaus. De acordo com o superintendente doServiço Geológico do Brasil (CPRM) no Amazonas, Marco Antônio Oliveira,o rio chegou a um nível de emergência. “A situação de seca está crítica ao longo da calha do Rio Negro e até fevereiro issodeve continuar. Classificamos essa vazante como média a grande, já queela se encaixa entre as 30 maiores já registradas”, disse à AgênciaBrasil.O fenômeno natural de subida e descida do nível do rio afeta anavegação, compromete a ligação com as sedes municipais e oabastecimento de centenas de comunidades. De acordo com os registroshistóricos do CPRM, a maior seca do Rio Negro ocorreu em 1963, quandoo nível chegou a 13,64 metros. O Rio Negro é o maior do estado e a severaseca deste ano prejudica não só a capital do Amazonas, mas também osoutros quatro municípios (São Gabriel daCachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos e Novo Airão).O superintendente do CPRM no Amazonas explicou que a falta de chuvas, desde a segunda quinzena de julho, deve-se, sobretudo, ao fenômeno El Niño (aquecimento das águas do oceano). Em julho, agosto e setembro choveu metade do esperado. Em outubro, 74% e em novembro, apenas 50% do que deveria. “Tudo isso nos trouxe para uma severa seca este ano. Em dezembro o ideal seria que chovesse 219 milímetros, mas não deve chegar a isso”, avaliou Oliveira.No Sul e Oeste do Amazonas, as chuvas estão dentro danormalidade, o que contribuiu para a subida do Rio Solimões, o segundomaior do estado. O reflexo dessas chuvas deve chegar a Manaus em 15dias, pois os dois rios (Solimões e Negro) encontram-se na cidade e acheia de um pode influenciar o outro. “Mas o Solimões só vai fazer comque o Negro suba caso as chuvas também contribuam para isso”,acrescentou Oliveira.Um estudo detalhado das áreas afetadas pela seca está em fase definalização pelo governo do Amazonas. O objetivo é aproveitar asinformações para abertura imediata de estradas vicinais destinadas atirar do isolamento milhares de ribeirinhos atingidos pela estiagem.Linhas especiais de financiamento para produtores rurais e distribuiçãode sementes e implementos agrícolas estão sendo realizados por meioAgência de Fomento do Estado (Afeam) para auxiliar a agriculturafamiliar.