União dos governistas faz PT optar por via judicial para pedir afastamento de Arruda

29/11/2009 - 14h22

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A opçãodo PT de encaminhar as investigações e o processo deafastamento do governador José Roberto Arruda (DEM) pelostrâmites do Judiciário se deve ao ceticismo do partido com a vontade política da CâmaraLegislativa de realmente levar as investigações atéo fim.No universo de 24 deputados distritais o PT tem quatroparlamentares e contabiliza hoje apoio de mais três: Reguffe doPDT, Jaqueline Roriz (PMN) que é filha do ex-governadorJoaquim Roriz (PSC) e do corregedor da Casa, deputado Brunelli (PSC),também ligado ao ex-governador.Mesmo assim, alémde não se  ter a certeza do apoio de Jaqueline Roriz e deBrunelli, o total de sete deputados não seria suficiente nempara conseguir emplacar o pedido de criação de umacomissão parlamentar de inquérito, que necessita depelo menos oito assinaturas, ou seja, um terço da Casa.Para a investigaçãode crime de responsabilidade do governador Arruda ser acatada, sãonecessários 16 votos em plenário, ou seja, dois terçosda casa. Para o processo de quebra de decoro ser acatado,são necessários 13 votos, ou seja maioria simples. Alémdisso, pelos trâmites, a investigação e umpossível processo de impeachment durariam em média 120dias, o que jogaria a fase decisória para as vésperasda eleição. “O PT solicitará mesmo assim asinvestigações, mesmo sabendo que nada ésumário”, destacou a vice-presidente da Comissão de Ética da Casa, deputada Erika Kokay.Para ela, só uma mobilização social intensaseria capaz de sensibilizar os deputados sobre a necessidade deinvestigar. “As experiências de CPI que conseguimos instalarnessa legislatura foram frustrantes. A da Saúde não deuem nada, a CPI Digital nem consegue se reunir por falta de quórume a CPI foi enterrada viva. Não são experiênciasmuito boas”.A reunião daComissão de Ética na sexta-feira (27), depois que asdenúncias foram divulgadas, deu bem o tom que pode imperar na CâmaraLegislativa na opinião da deputada.“Na Comissão deÉtica percebemos que muitos deputados invocavam, o tempo todo,prudência e cautela. São dois sentimentos que tambémdefendemos que precisam existir, mas a necessidade de investigaçãoé primeira. Se houver uma grande mobilizaçãopopular talvez os parlamentares fiquem sensibilizados”, considerou.Erika Kokay informou também que a assessoria do partido ainda está analisando detalhadamente oprocesso e que estuda a apresentação de trêsações: o pedido de CPI, uma representaçãoà Mesa Diretora, pedindo investigação de crimede responsabilidade do governador Arruda e dos secretárioscitados no processo, além de uma representaçãopor quebra de decoro contra os deputados que teriam recebidodinheiro. De acordo com a deputada, aestratégia começará a ser montada amanhãna reunião das lideranças do PT, PDT e PSB. Erikaacredita que a representação por crime deresponsabilidade deverá ser feita em conjunto com entidadesque já se manifestaram querer o impeachment do governadorArruda, entre elas a OAB.Arepresentação sobre a quebra dedecoro, que atinge somente osparlamentares, ainda está em avaliação porque oinquérito cita mais quatro deputados, além dosquatro que foram alvo dos mandados de busca e apreensãocumpridos na última sexta-feira pela Polícia Federal naOperação Caixa de Pandora: Eurides Brito (PMDB),Leonardo Prudente (DEM), Rogério Ulysses (PSB) e Pedro do Ovo(PMN). Entre os oito deputados citados no processo, dois seriamsuplentes.