Prefeito do Rio lança meta para reduzir em 8% emissão de gases estufa até 2012

27/11/2009 - 16h04

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Rio de Janeiro tornou-se hoje (27)a primeira cidade do Brasil a estabelecer uma meta para reduzir aemissão de gases de efeito estufa. A Política Municipal de MudançasClimáticas lançada pelo prefeito Eduardo Paes pretendereduzir em 8% a emissão de gases poluentes até o ano de 2012 eestabelecer ainda um novo indicativo de 16% para 2016 e outro de 20%para 2020. Segundo o prefeito, os maiores vilões da cidade sãoos lixões que emitem metano e as emissões de gás carbônico dos veículose que, por isso, serão os dois setores que receberão mais investimentosda prefeitura.O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc,participou do lançamento do programa intitulado Rio Sustentável eelogiou a iniciativa da prefeitura. Ele acredita, entretanto, que o cidadão comumtambém deva fazer a sua parte.“Quando o cidadão regula o motordo carro está evitando três buracos: no clima, no pulmão e no bolso,pois o carro desregulado gasta muito mais. Quando o cidadão separa olixo seco do orgânico, além de criar emprego e renda para os catadores,permite o reaproveitamento da energia dos materiais reciclados. Hoje, noRio, apenas 4% das famílias separam o lixo em casa. A questão climáticaé uma questão dos governos, das indústrias e da sociedade e dasfamílias”, disse Minc.Foram assinados seis decretos e foi firmado um contrato com o Instituto de Pesquisa e Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe)para a realização de um novo inventário de emissões, já que oúltimo teve como base o ano de 1998. Na ocasião também foi assinado umprotocolo de intenções com Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ),Fundação Brasileira de Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e a organização não governamental (ONG) RioComo Vamos para estabelecer uma estratégia integrada de obtenção demetas. A Política Municipal de Mudanças Climáticas do Rio seráapresentada pela prefeitura em Copenhague, na Dinamarca, durante aConvenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-15), que serárealizada de 7 a 18 de dezembro.Parao presidente da ONG Institute for Transportation and Development Policy(ITDP), Henrique Peñalosa, que está dando apoio à prefeitura na área detransportes públicos, as soluções para o Rio são as ciclovias e oscorredores de ônibus, como o sistema Bus Rapid Transit (BRT), existenteem Curitiba.“A metade dos habitantes do Rio vive a cerca de 5quilômetros do trabalho. É perfeitamente viável que 15% da populaçãocarioca usem bicicletas, o que já faz muita diferença para o meioambiente. Além disso, o único meio de transporte de massa possível noRio é o sistema BRT, que funciona como metrô de superfície, porém émuito mais barato que o metrô, tanto na construção quanto namanutenção.”Peñalosa alertou, no entanto, que será necessáriogrande investimento em consultoria para organizar o sistema BRT,pois os desenhos arquitetônicos são muito complexos. “A maioriados BRTs que são feitos no mundo são malfeitos. O Rio não pode falhar,pois se as primeiras linhas forem mal feitas e fracassarem, a populaçãonão vai querer novas linhas.”Henrique Peñalosa foi prefeito deBogotá, entre 1998 e 2000, e em sua gestão implantou o sistema deciclovias e de corredores exclusivos de ônibus, conhecido comoTransmilênio, que tornaram a capital colombiana exemplo de sucesso emmobilidade sustentável.