Estudantes hondurenhos ocupam universidade em protesto contra golpe que destituiu Zelaya

27/11/2009 - 8h11

José Donizete
Enviado especial
Tegucigalpa (Honduras) - Os estudantestomaram simbolicamente o campus da Universidade Autônoma deHonduras, nessa quinta-feira (26). A polícia não apareceu e, nofinal do dia os alunos deixaram o prédio. Comcinco mil alunos, a universidade é a instituição pública deeducação superior mais importante do pais. No período de eleiçõesa instituição é o centro de votação.MarvinGutierrez, um dos organizadores do ato, disse à Agência Brasilque a manifestação foi um protesto pacífico contra o golpe deEstado que destituiu o presidente Manuel Zelaya. Os estudantes tambémpediam à população para não ir às urnas no próximo domingo.Alguns professores continuaram as aulas do lado de fora dauniversidade.Noinício da tarde de ontem, a Suprema Corte de Justiça enviou aoCongresso hondurenho o parecer jurídico sobre a situação deZelaya, sem adiantar oficialmente as conclusões.OConselho Nacional de Direitos Humanos, a Procuradoria-Geral daRepública e o Ministério Público também já entregaram seusinformes. O Congresso ficou de divulgar sua decisão em 2 dedezembro, três dias depois das eleições.Nofinal da tarde, um novo atentado aumentou o clima de apreensão quetoma conta do pais. Uma bomba de fabricação caseira explodiu dentrode um ônibus intermunicipal na rodovia que vai de San Pedro Sula aLa Ceyba, na Região Norte de Honduras.Noveículo, de propriedade da empresa Catisa, do presidente golpistaRoberto Micheletti, havia seis passageiros e apenas uma mulherferiu-se levemente. Outrabomba igual à que explodiu foi encontrada dentro do ônibus edesativada pelos policiais em um terreno baldio.Hátrês dias Micheletti está fora do governo e um conselho deministros comanda o país. O Ministério das RelaçõesExteriores de Honduras repudiou as últimas declarações do governobrasileiro em defesa do adiamento por pelo menos duas semanas daseleições no país, programadas para o próximo domingo (29).Parao ministério essas manifestações representariam umintervencionismo inédito do Brasil nos assuntos internos deHonduras.Nofinal do dia, em cadeia nacional de rádio e TV o Tribunal SupremoEleitoral conclamou a população a votar e garantiu que não faltarásegurança para todos.EmManaus, durante a Cúpula dos Países Amazônicos e França, opresidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que o Brasil não mudaa posição a situação em Honduras.Eledisse que da forma como o processo vem se desenrolando o Brasil nãoreconhecerá o resultado eleitoral e não retomará relações com opaís da América Central.EmSan Pedro de Sula, o maior centro econômico do país, líderes daresistência informaram no início da noite de ontem que estãopreparando uma marcha no próximo domingo pelo boicote às eleições.