Crise em Dubai mostra que ainda é preciso superar problemas e fragilidades, diz analista

27/11/2009 - 13h12

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Acrise em Dubai, nos Emirados Árabes, com o pedido de moratória paraa dívida do consórcio estatal Dubai World não tem um carátersistêmico mundial, na avaliação do gerente executivo de PolíticaEconômica da Confederação Nacional da Indústria, Flávio CasteloBranco.Naquarta-feira (25), o mercado financeiro, ainda ressabiado com a crisefinanceira que se agravou no final do ano passado, soube do pedido doconsórcio de adiar até maio próximo o pagamento de compromissoscom os credores, até agora conhecidos em quase US$ 60 bilhões.MasFlávio Castelo Branco vê na crise em Dubai um motivo para que seentenda que ainda é preciso superar problemas e fragilidades, como oexcesso de valorização de ativos e empréstimos excessivos, quegrassaram na economia até o ano de 2008.Mesmoacreditando que o problema não causará a mesma turbulência dacrise iniciada em 2008, Castelo Branco alerta que toda vez que umproblema, mesmo que localizado, tenha magnitude, desagrada e criareceios no mercado financeiro, pois aumenta o risco das economias. Defato, hoje as bolsas da Ásia, da Europa e dos Estados Unidos abriram com instabilidade.“Comose sabe o mercado tem intercomunicadores e, evidentemente, se semanifesta uma moratória, um problema de pagamento dessa magnitude,isso vai fatalmente criar um constrangimento para a recuperação dedeterminado setores e segmentos”, disse referindo-se à crise emDubai.Todosos problemas que ocorrem nos Emirados Árabes, segundo ele, sãoreflexo da crise, com a supervalorização de ativos e o descompassoentre vendas e o momento atual, com certo encalhe de imóveis emDubai, pois os preços caíram e desequilibrou os balanços dasinstituições.Quandoaos riscos da liberação de crédito no Brasil, o economista da CNIconcorda com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, queconsidera a expansão do crédito positiva nopaís, mas adverte que é importante estar atento aos critérios queas instituições financeiras devem obedecer para manter padrõessólidos de risco.Deacordo com Castelo Branco, Meirelles tem alertado, na verdade, para orisco a que toda expansão de crédito, às vezes fácil, leva. Oque torna necessários determinados controles para não gerarcréditos que eventualmente no futuro possam deixar de ser honrados.“Issofoi a origem da crise americana. Facilidade do crédito no setorimobiliário e baixo custo do crédito. Embora o nosso não seja tãobaixo assim, em comparação com outros países, historicamente estábaixo para o Brasil”, disse.Paraele, fica clara a posição do presidente do Banco Central, quandopede que o crédito seja usado de forma eficiente, contributiva paraum crescimento sustentável a longo prazo, procurando evitar osproblemas de carteiras mal conduzidas. E o sinal de Meirelles, lembraCastelo Branco, é apenas preventivo e com intenção educativa.