Diretora de ONG diz que problema de maus-tratos a jovens capixabas não foi resolvido

26/11/2009 - 16h11

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Adiretora adjunta da organização não governamental (ONG) JustiçaGlobal, Sandra Carvalho, afirmou hoje (26) que os direitos dosadolescentes em conflito com a lei apreendidos na Unidade deInternação Socioeducativa (Unis) de Cariacica, na regiãometropolitana de Vitória, continuam sendo desrespeitados. A Unis éadministrada pelo Instituto de Atendimento Socioeducativo do EspíritoSanto, ligado à Secretaria de Justiça do estado, e abriga 253jovens.

De acordo com Sandra, ao visitarem aunidade há cerca de duas semanas, representantes de váriasentidades ligadas à defesa dos direitos humanos constataram quequase nada mudou desde que, no final de julho, a Justiça Global e oCentro de Defesa dos Direitos Humanos de Serra denunciaram osmaus-tratos aos jovens internos.

“Após uma rebelião ocorrida naúltima semana, voltamos a demonstrar à OEA [Organização dosEstados Americanos] que a situação permanece extremamentegrave”, afirmou Sandra, em entrevista à Agência Brasil.

“Temos documentado [aocorrência de] pelos menos três homicídios ocorridos nointerior desta unidade e muitos relatos de tortura. Na últimavisita, há duas semanas, pudemos constatar adolescentes torturados,superlotação, falta de assistência jurídica e médica e deatividades socioeducativas”.

Em função dos relatos apresentadospelas ONG, a Organização dos Estados Americanos pediu que o governobrasileiro adote medidas urgentes para assegurar a integridade físicae a vida dos adolescentes internados na Unis. Além disso, a OEApediu informações sobre as medidas cautelares adotadas.

Para Sandra, a atitude da OEA éimportante para que os governos federal e estadual busquem umasolução para a violação dos direitos humanos. "O governodeverá apresentar uma proposta de ação, que deve ser construídapor meio do diálogo com todas partes envolvidas. Esperamos que ogoverno cumpra essa determinação, acolha as recomendações dasociedade civil, que tem acompanhado a situação, e implemente umapolítica socioeducativa séria e que não viole os direitoshumanos”, concluiu a diretora da Justiça Global.

A Agência Brasil tentououvir o secretário de Justiça do Espírito Santo, Ângelo Roncalli,mas, até o momento, não conseguiu contato com ele. Segundo aassessoria de Roncalli, ele está participando, agora à tarde, de umseminário na Federação das Indústrias do Estado do EspíritoSanto.