Brasil vê com desconfiança e cautela processo eleitoral em Honduras

26/11/2009 - 17h18

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Atrês dias das eleições gerais em Honduras, o governo brasileiroacompanha com desconfiança e cautela os acontecimentos no país centro-americano.A tendência da Suprema Corte hondurenha de referendar a destituição dopoder do presidente deposto, Manuel Zelaya, consolida a decisãobrasileira de considerar ilegítimo o processo eleitoral. A expectativade organismos internacionais era que a Corte mantivesse os termos doacordo autorizando o retorno de Zelaya ao governo.Porém, emconversas informais, Zelaya vem sinalizando desacreditar napossibilidade de ser restituído ao poder. Nos diálogos que manteve,segundo alguns observadores brasileiros, o presidente depostodemonstrava frustração. Para ele, a tendência é que permaneça abrigadona Embaixada do Brasil em Tegucigalpa até o dia 27 de janeiro de 2010 – quando termina seu mandato.Nomês passado, o presidente golpista, Roberto Micheletti, e Zelayafirmaram um acordo negociado por interlocutores norte-americanos. Nele,ficou estabelecido o retorno do presidente deposto e que Michelettideixaria o cargo e aceitaria as eleições.No entanto, os termosdo acordo dependem das autorizações do Congresso e da Corte Suprema.Ambos os órgãos postergam as discussões. Daí o surgimento de suspeitassobre a legitimidade do processo eleitoral em Honduras. Como o voto nãoé obrigatório, Zelaya disse que só aceitará o resultado das eleições,se mais de 80% dos eleitores comparecerem às urnas.De acordocom diplomatas brasileiros, é impossível legitimar os resultados deeleições por suspeitas de contaminação, uma vez que o atual governo de Honduras foi estabelecido depois de um golpe de Estado comandadopelo Congresso, a Suprema Corte e as Forças Armadas, em junho deste ano.Somenteos Estados Unidos e o Panamá apoiam o processo eleitoral hondurenho. Osdemais países das Américas do Norte, Central e do Sul, sob liderança doBrasil, levantam dúvidas sobre a isenção das eleições. O governo doParaguai, por exemplo, informou que vai rejeitar o resultado daseleições.Abrigado na Embaixada do Brasil, Zelaya também levantadúvidas sobre a isenção do processo eleitoral e não esconde oaborrecimento com a iniciativa norte-americana em legitimar aseleições. Segundo o presidente deposto, a atitude seria um crime contraa democracia. Há pouco mais de 15 dias, homens armados lançaramgranadas contra um edifício onde estavam armazenadas urnas.Ontem (25),o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, reiterou a posiçãobrasileira. "Sem o retorno do presidente [Manuel] Zelaya ao poder,todos os países da América Latina e do Caribe já declararam queconsideram as eleições ilegítimas e que não reconhecerão o novogoverno. Eu não sei, no futuro, o que vai acontecer com outros países,mas o Brasil continua firme nessa posição [de considerar as eleições,do próximo dia 29, ilegítimas]".