Zelaya sinaliza que reconhecerá resultado das eleições, se 80% dos eleitores comparecerem às urnas

25/11/2009 - 18h19

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A quatro dias das eleições gerais em Honduras, o presidente deposto,Manuel Zelaya, afirmou hoje (25) a interlocutores que pode reconheceros resultados do processo eleitoral, se mais de 80% dos eleitorescomparecerem às urnas. Mas, segundo o líder, pouco mais de 40% doeleitorado deve participar das votações. Pelos dados oficiais,aproximadamente 4,6 milhões de eleitores estão registrados para votarpara presidente, vice-presidente, deputados federais e prefeitos.Éa primeira vez que Zelaya sinaliza que pode reconhecer os resultadosdas eleições, as quais suspeita que são conduzidas de formafraudulenta. Para o governo brasileiro, os resultados só seriamlegitimados, se o presidente deposto tivesse sido reconduzido ao podere Honduras voltado à normalidade – com o fim da censura à imprensa, docerceamento às liberdades individuais e do policiamento ostensivo nasruas.Apesar do anúncio de afastamento do cargo por oito diasfeito pelo presidente de facto, Roberto Micheletti, Zelaya afirmou anegociadores brasileiros que se prepara para ficar na Embaixada doBrasil em Tegucigalpa até o dia 27 de janeiro de 2010, quando termina seu mandato constitucional. Abrigadona Embaixada do Brasil há dois meses, Zelaya mantém um gabinete privadono local. Porém, o líder circula pela área e conversa com os demaishóspedes. Nas conversas, de acordo com alguns dos presentes, o lídernão esconde o aborrecimento com o apoio dos Estados Unidos e do Panamáàs eleições do dia 29.Segundo diplomatas brasileiros, Zelaya dáindicações de frustração e desânimo em relação à possibilidade deum acordo para encerrar a crise política hondurenha que se arrasta hácinco meses, desde que foi destituído do poder por uma manobrapolítica organizada pelo Congresso, as Forças Armadas e a Suprema Corte.Diplomatasque acompanham o processo eleitoral afirmaram à Agência Brasil queZelaya classificou o apoio norte-americano e panamenho de "jogo". Somenteos Estados Unidos e o Panamá apoiam o processo eleitoral hondurenha, osdemais países das Américas do Norte, Central e do Sul, sob liderança doBrasil, levantam dúvidas sobre a isenção das eleições. O governodo Paraguai, por exemplo, informou que vai rejeitar o resultado daseleições. No Brasil, ontem (24), o assessor especial para Assuntos Internacionaisda Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou que aolegitimar o resultado das eleições o que se faz é referendar ogolpe de Estado que depôs Zelaya. Segundo ele, é  “lamentável” adecisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de reconheceros resultados das eleições.