Polícia do Rio prende nove pessoas envolvidas com milícias em favela

24/11/2009 - 19h46

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Considerada o berço das milícias no estado do Rio de Janeiro, a favela de Rio das Pedras, uma das mais pacíficas da cidade, foi alvo hoje (24) de uma ação policial com a participação de cerca de cem homens. A operação terminou com a prisão de nove pessoas envolvidas com milícias, em diversos bairros do Rio, como Jacarepaguá, Bangu, Barra da Tijuca e Realengo (todos na zona oeste).A operação teve como objetivo cumprir pelo menos 20 mandados de prisão preventiva e 37 de busca e apreensão por envolvimento com milícias na favela, além de 20 outros mandados de prisão preventiva em um inquérito por formação de quadrilha. Entre os presos está o presidente da associação de moradores de Rio das Pedras, Jorge Alberto Moreti, o Beto Bomba, na casa de quem a polícia encontrou munição, três pistolas e um rifle calibre 22. Os policiais ainda apreenderam três radiotransmissores e vários documentos pertencentes à associação, além de dois carros e uma motocicleta. Foram bloqueadas ainda contas de oito CPFs diferentes de pessoas envolvidas com os grupos paramilitares. O secretário de Segurança Pública, José Maria Beltrame, afirmou que a operação ainda não acabou e que a inteligência da polícia está atenta à possibilidade de que os traficantes venham a ocupar o espaço deixado pelos milicianos.“Em primeiro lugar, temos que observar se isto vai acontecer. É uma possibilidade e eu mesmo não a descarto. Agora, temos é que ser vigilantes em relação a essa possibilidade e a Policia Militar continuar no acompanhamento das investigações. O que podemos fazer é continuar vigilantes e acompanhando a movimentação que ocorre nessas áreas.”  A operação, desencadeada a partir de investigações da Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro e evasão fiscal, foi coordenada pela Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco). Denominada de Rolling Stones, ela foi fruto de investigações que duraram oito meses.Ainda estariam envolvidos com os grupos paramilitares um major da PM, um capitão reformado e vários policiais da ativa – muitos dos quais conseguiram escapar, o que levanta a possibilidade de que tenha havido vazamento de informações sobre a operação.A polícia acredita que o prédio da associação de moradores era usado como fachada para a cobrança de taxas de segurança de moradores e comerciantes. Lá também funcionaria o serviço conhecido como gatonet - uso de centrais clandestinas de TV por assinatura.A operação desencadeada pela Draco contou com a colaboração da Corregedoria da PM e do Ministério Público estadual.