Chanceleres da Unasul querem análise prévia de acordos militares na América do Sul

24/11/2009 - 20h11

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, e mais nove chanceleres devem elaborar um documento, na próxima sexta-feira(27), defendendo que todos os integrantes da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) comprometam-se a submeter à análise conjunta eventuais acordosmilitares. A iniciativa é uma resposta à ação colombiana de permitir o uso de sete de suas bases militares pelos Estados Unidos.Na sexta-feira, Amorim participa de uma sériede reuniões com os demais chanceleres que integram a Unasul, emQuito, no Equador. Ao longo do dia serão discutidas propostas para odocumento. Uma delas deve ser a do governo peruano que pretende manter uma posição neutra no encontro e que foi batizada de Protocolo de Paz, Segurança e Cooperação na União das NaçõesSul-Americanas.O governo colombiano argumenta que o objetivo da utilizaçãodas bases militares é conter o tráfico de drogas e de armas, além daeventual ação de grupos ilegais. O estado de tensão entre o governo daColômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) épermanente.No entanto, diplomatas brasileiros que acompanham oassunto afirmam que o acordo negociado entre a Colômbia e os Estados Unidosé mais amplo do que o programa de combate ao tráfico eações ilegais. Segundo os diplomatas, o acordo autoriza o livre acessoà região por parte dos militares norte-americanos, a reconstrução deáreas eventualmente destruídas e facilidades de trânsito.Osintegrantes da Unasul querem o detalhamento do acordo, exigem que hajatransparência no fornecimento de informações e garantias de que não háriscos de confrontos armados na região. Exceto o Peru e a própria Colômbia, os demaisintegrantes do Unasul indicaram preocupação com o acordo militar. Autoridadesdo governo brasileiro foram duros nas críticas. Para o Brasil, apreocupação é com a autonomia militar que os Estados Unidos terão nas bases. Há três meses, antes de um encontro com o presidente daColômbia, Álvaro Uribe, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseque a ideia não o agradava. Dias depois, no começo de agosto,os presidentes dos 12 países-membros da Unasul se reuniram em Quitopara discutir o tema, mas a cúpula acabou sem acordo - Uribe nãoparticipou da reunião. Ao contrário do presidente da Venezuela, HugoChávez, que vê no uso das bases militares uma ameaça de conflitoarmado na região, Lula observa o acordo entre colombianos enorte-americanos como um risco à integração defendida pela Unasul.