Ceia de Natal pode ser mais barata neste ano por conta da cotação do dólar

24/11/2009 - 10h29

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A projeção de que o dólar feche o ano valendocerca de R$ 1,70 leva a crer que a ceia natalina do brasileiro ficarámais em conta do que no ano passado, quando a moeda norte-americanavalia R$ 2,33.Segundo o presidente da Associação Brasileira deSupermercados (Abras), Sussumu Honda, os produtos importados comocastanha portuguesa, nozes, avelãs, amêndoas, condimentos, vinhosestrangeiros e outros tendem a ficar mais baratos.No caso dos produtos tradicionais e de importaçãocontínua, como bacalhau, azeite e mesmo alguns tipos de frutasoleaginosas que passaram a ser vendidas no dia a dia, a variaçãoserá menor.“A variação [dos preços] dessesprodutos é menor porque, como no ano passado o dólar subiu muito,os importadores procuraram segurar os preços, trabalhando com dólarmédio, então o produto não chegou a subir tanto".Para Honda, a situação neste ano é bem maistranquila, porque há previsão de maior oferta de produtos, já queos grandes mercados consumidores - Estados Unidos e Europa, porexemplo - estão enfraquecidos e as empresas têm se voltado para oBrasil.O professor do Instituto de Economia daUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp), Giuliano Contento deOliveira, também acredita que o Natal registre preços mais baixos,o que permitirá ampliar o consumo do trabalhador. Para ele, ospreços devem cair entre 15% e 20%, levando ao aumento das venda.“Isso tende a repercutir favoravelmente para asempresas, ainda que não signifique necessariamente a ampliação damargem de lucro, porque a concorrência tende a se intensificar em face da entrada cada vez maior de produtos de outros países,principalmente da China”. No caso dos brinquedos, o presidente da AssociaçãoBrasileira dos Importadores e Exportadores de Brinquedos (Abrimpex),Eduardo Benevides, lembrou que no ano passado os consumidores nãosentiram os efeitos do dólar, porque as compras já haviam sidofeitas antes do início da crise, e os aumentos registrados foram ostradicionais, de 5% a 7%, o que deve se repetir neste ano.“Neste ano os importadores compraram menosporque não tinham previsão de como o Brasil ficaria com relação àcrise. Mas no segundo semestre alguns importadores estão fazendonovas compras, prevendo aumento do consumo por conta da queda dodólar”. Para ele, as vendas devem crescer pelo menos 12%.Para o coordenador de pesquisas do Programa deAdministração de Varejo da Fundação Instituto de Administração(Provar Fia) da Universidade de São Paulo, Nuno Fouto, as condiçõesdo Natal deste ano não favorecem preços mais baixos do que os doano passado, porque naquele período havia forte influência dacrise, entretanto os produtos importados tendem a ter os preçosmenores porque já foram negociados.“A tendência se mantém, não acho que vaihaver quedas muito grandes, suficientes para modificar o quadro anteo ano passado. Os preços devem até ser de 1,2% a 3% mais altos, coma tendência de mais procura do que oferta”. Quem for comprar os enfeites típicos de Nataltambém não encontrará preços muito inferiores aos do ano passado.Segundo o presidente da Associação Brasileira de Importadores deProdutos Populares (Abipp), Gustavo Dedivitis, o consumidor issoacontece porque os importadores compram os produtos com antecedênciade seis a oito meses.“Então, momentaneamente, o dólar barato nãotem relação para produtos do Natal. Os importadores já trabalharamcom o dólar em um patamar de R$ 2,00, patamar adotado por conta davolatilidade [altas e quedas abruptas da moeda]”.