Brasil precisa reagir com velocidade para ampliar acesso ao saneamento, defende especialista

24/11/2009 - 17h46

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pesquisa coordenada pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas divulgada hoje (24) aponta que entre 2007 e 2008 o país registrou uma diminuição significativa do deficit de saneamento básico. A queda de 4,18% é superior à média estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) que prevê diminuição de 2,77% ao ano para que o país alcance uma das Metas do Milênio - a diminuição do deficit de saneamento básico à metade no período de 1990 até 2015. O novo ritmo, de acordo com a pesquisa, seria suficiente para que o Brasil cumprisse a meta em 16 anos. Entretanto, desde1992, quando o Brasil se tornou signatário das metas, o país avançouapenas 1,6% ao ano - índice bem abaixo da meta. Na avaliação do presidente do Instituto Trata Brasil, Raul Pinho, o país precisa reagir com velocidade para ampliar o acesso ao saneamento básico da população. "Se não reagirmos com velocidade, vamos passar vergonha na Copa e nasOlimpíadas", afirmou. "Como vamos fazer a prova de vela numa Baía de Guanabara todapoluída?", questionou. Para ele, o Brasil, que tem 18 milhões de cidadãos sem saneamento básico, ainda apresenta números vergonhos no que diz respeito ao problema. "A Organização Mundial de Saúde divulgou umranking de saneamento em que o Brasil é o sétimo colocado, próximo aospaíses africanos. Como podemos conviver com isso querendo ser liderançaeconômica mundial?", questionou.De acordo com Pinho, a falta de saneamento básico mata, anualmente, 200 criançasde até 5 anos e é responsável por 700 mil internações. Segundo Marcelo Neri, um dos coordenadores da pesquisa, para acabar com problemas de saneamentoé necessária a criação de políticas públicase ações coordenadas. "Com um bomplanejamento, boa gestão de recursos e um marco regulatório, é possívelsanar o problema em até 20 anos", explicou.Um dos dados do estudo destacado por Neri mostra que no ano de 2008,26,62% da população de classe AB não tinham acesso ao saneamento básico."Saneamento não é um problema apenas de dinheiro: não adianta nadacomprar os materias se você não tiver uma rede para se conectar. Épreciso investimento público", explicou.Neri afirmou que o paístem evoluído no quesito saneamento por causa dos efeitos doPrograma de Aceleração do Crescimento (PAC) e da criação da Lei Geralde Saneamento Básico.