Vítima da ditadura militar quer entregar a Tarso Genro pedido de anistia

23/11/2009 - 13h35

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Torturado e sexualmente violentado durante a ditadura, em 1964, Djalma Domingos da Silva chegou a ser expulso do Corpo de Fuzileiros Navais. Levado para o presídio Naval, na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, saiu de lá com tuberculose.As marcas no corpo e no rosto mostram a violência que sofreu na época.Djalma participou hoje (23) em Brasília do 3º Seminário Latino Americano de Anistia e Direitos Humanos. Ele espera entregar ao ministro da Justiça, Tarso Genro, um pedido de anistia.“Diziam que eu fazia parte de grupos subversivos. Fui preso e torturado por torturadores sem rosto, de capuz”, disse.Segundo a coordenadora regional do Arquivo Nacional, Vivien Ishaq, só em Brasília, entre janeiro de 2006 e outubro de 2009, de todos os pedidos de investigação relacionados à anistia e a direitos humanos, 55 são de parentes de pessoas que já morreram vítimas de tortura na época da ditadura. São 695 dossiês individuais, mais de 21 mil páginas de texto. Segundo ela, 53,7% das procuras no Arquivo Nacional são de pessoas interessadas no assunto: parentes, estudantes, advogados.No seminário, que termina amanhã na Câmara dos Deputados, foi entregue uma medalha em homenagem àqueles que sofreram com a ditadura. Entre eles, o militante maranhense Manoel da Conceição.“Ainda hoje choro e lamento porque tantos companheiros que eu amava desapareceram simplesmente. Nunca tiveram a coragem de dizer onde os colocaram. Queria que um dia essas injustiças fossem julgadas”.