Primeiro-ministro do Butão cria nova fórmula para calcular riqueza e desenvolvimento

23/11/2009 - 5h58

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Foz do Iguaçu (PR) - Felicidade Nacional Bruta é mais importante do queo Produto Interno Bruto de um país, defende o primeiro-ministro doButão, Lyongpo Jigme Thinley. Ele está em Foz do Iguaçu, onde participada 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta (FIB),que será encerrada hoje (23). Pequeno país da Ásia, situadona Cordilheira do Himalia, o Butão está atraindo a atenção de governantes eeconomistas de vários países com sua nova fórmula para o cálculo deriqueza e desenvolvimento. “Quando o Poder Público articula políticaspúblicas, algumas questões são fundamentais. Desenvolvimento é serfeliz, caso contrário não é desenvolvimento. É preciso articular emconjunto o bem-estar psicológico, o uso do tempo, a vitalidade dacomunidade, a cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente,o padrão de vida e a governança”, explica o primeiro-ministro.Líder doprimeiro governo democraticamente eleito no país , Thinley  disse que a adoção da FIB como forma de medir a prosperidade e a felicidadede seu povo fez parte de sua campanha à eleição no ano passado.Lembrou que o termo FIB foi criado em 1972 pelo rei butanês JigmeWangchuck, na época com 16 anos, “para se contrapor às medições puramentemateriais do PIB” -  a soma de serviços e bens produzidos emdeterminado período.Entretanto,sua aplicação como prática de governo começou este ano, quando outrospaíses se interessaram por essa nova forma de gerir seus recursos. Apsicológa e antropóloga Susan Andrews é a coordenadora do FIB noBrasil. Fundadora do Instituto Visão Futuro, ela coordena o projetopioneiro na periferia de Itapetininga (SP), numa parceria com aprefeitura municipal. “São aplicados questionários que relacionam os indicadoresdo FIB  com os moradores. Normalmente, o que percebemos é que atécerto nível é importante a base material, mas chega  um ponto em que osbens materiais não são mais indicadores para a felicidade”, ressaltou.Oque o ser humano realmente aspira ao longo de sua passagem pela terra éa felicidade, concordam os participantes do congresso. O consenso é deque houve tempos em que a economia era orientada para o bem comum, a felicidadehumana, ou seja, a economia era serva do homem. Depois, na modernidade,o homem passou a ser servo da economia. De acordo com materialdivulgado pelos organizadores, atualmente, o próprio criador do índicePIB, Simon Kuznetz, Prêmio Nobel de Economia, compreende que essaprática não é boa e precisa de revisão. Em sua palestra, Jon Hall, daOrganização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), dizque a crise econômica internacional tem levado diversos países arevisar seus conceitos sobre desenvolvimento.  Entre eles estão o Canadá,a França, Austrália, Nova Zelândia, Suíça, Espanha, Hungria, África doSul, Tailândia e Coreia do Sul, e o grupo segue crescendo. “Nãonecessariamente os países devem adotar a metodologia que o Butãodesenvolveu. O importante é que as pessoas se reúnam e discutammaneiras de avaliar o progresso de suas comunidades, organizações epaíses, para que sejam adotadas as políticas públicas”.