Presidente do Irã diz que programa nuclear de seu país é pacífico

23/11/2009 - 18h22

Mariana Jungmann e Renata Giraldi
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O programa iraniano de energia nuclear foi defendido hoje (23) pelo presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Ele justificou que a produção de urânio enriquecido em seu país obedece às normas internacionais e negou ameaças à paz ou riscos de fabricação de armas nucleares.De acordo com Ahmadinejad, a usina nuclear iraniana foi construída há mais de 40 anos e funciona com urânio enriquecido a 20%. Segundo ele, o Irã tem capacidade de produzir este tipo de combustível, mas atualmente vem produzindo apenas o urânio enriquecido a 3,5%.Em decorrência da desconfiança da comunidade internacional, que levanta suspeitas de que o objetivo do programa nuclear do Irã tenha fins armamentícios, Ahmadinejad alegou que, recentemente, concordou em comprar o combustível dos Estados Unidos e da Rússia. Segundo ele, houve uma proposta de troca do urânio de 3,5% pelo combustível de 20%, necessário para sua usina.“Em princípio, concordamos com o plano. De repente, constatamos que eles estavam empreendendo propaganda contra nós e dizendo que queríamos enriquecer esse urânio em 25%. Essa propaganda causou sentimento negativo no Irã”, afirmou o presidente iraniano.Segundo Ahmadinejad, as acusações minaram a credibilidade nas negociações, uma vez que o Irã já possui a tecnologia necessária para fazer o enriquecimento de urânio a 25% e estaria evitando por em prática essa capacidade, numa tentativa de fortalecer as relações com o Ocidente. Ele justificou, ainda, que não pretende abdicar do uso de tecnologia nuclear para fins pacíficos. “Não vamos abrir mão de nossos direitos legais”, afirmou.O presidente iraniano disse ser vítima de acusações de que estaria impedindo a fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado às Nações Unidas (ONU) – que faz frequentes inspeções nas usinas de seu país. O iraniano afirmou ter respondido a seis perguntas enviadas pela agência com antecipação.“A agência, por sua vez, endossou as respostas e entregou documentos atestando a legalidade do programa iraniano”, alegou o presidente. Mesmo assim, segundo ele, o governo do ex-presidente americano George W. Bush, buscou novos “pretextos” para hostilizar o país.No discurso que fez, ao lado de Ahmadinejad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse apoiar o programa nuclear iraniano para fins pacíficos. Segundo ele, o Irã tem o mesmo direito que o Brasil de enriquecer urânio para utilizar em sua usina atômica. “O Brasil tem um modelo de desenvolvimento de energia nuclear reconhecido pela agência da ONU. Aquilo que defendemos para nós, nós também defendemos para os outros países”, afirmou Lula. O Brasil utiliza energia atômica, atualmente, em suas usinas nucleares Angra I e II.