Participação de estrangeiros na dívida pública aumentou apesar da cobrança do IOF

23/11/2009 - 16h54

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar da introdução da cobrança de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os investidores internacionais que aplicam no mercado financeiro brasileiro, a participação de estrangeiros na dívida pública interna subiu e voltou a bater recorde em outubro. Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, os estrangeiros responderam por 7,68% da dívida mobiliária (em títulos) interna no mês passado.Em setembro, quando o percentual também havia registrado recorde, a participação era de 7,16%. Em valores absolutos, a aplicação dos estrangeiros na dívida mobiliária interna também bateu recorde. Subiu de R$ 95,9 bilhões em setembro para R$ 101,6 bilhões no último mês.O Tesouro Nacional divulgou hoje (23) os números da dívida pública federal no mês passado. Como a taxação do capital estrangeiro entrou em vigor em 19 de outubro, o coordenador ressaltou que ainda não é possível estimar o impacto do IOF sobre o interesse dos aplicadores internacionais na dívida brasileira. “Ainda é muito cedo para afirmar se a tendência de aumento da participação dos estrangeiros se manterá”, declarou.O coordenador, no entanto, disse que o IOF pode não ter grande efeito sobre a maior parte dos investidores externos, que estão interessados em títulos prefixados de longo prazo. “Para os investidores interessados no longo prazo, o efeito do IOF é menos significativo porque a cobrança do imposto não fará muita diferença”, afirmou Garrido.Em relação aos juros pedidos pelos investidores, o coordenador admitiu que em outubro houve alguma volatilidade, mas não disse se o grau de instabilidade foi maior ou menor que em setembro. Garrido, no entanto, apontou que os juros começam a se estabilizar e, em alguns casos, até apresentar redução.Para os títulos prefixados com vencimento em 2011, os juros subiram de 11,2% no final de outubro para 11,3% no último dia 18. Em relação aos papéis que vencem em 2013, a taxa ficou praticamente estável, passando de 12,43% para 12,44% no mesmo período. Os juros dos títulos com vencimento em 2017, no entanto, caíram de 13,22% para 13,19%.Por causa da previsão de que a inflação aumentará no próximo ano e o Banco Central elevará os juros básicos, os investidores estão pedindo juros mais elevados para comprar os títulos lançados pelo Tesouro Nacional. Para não aceitar essas taxas, o que acarretaria alta no custo da dívida pública, o governo passa a vender menos títulos.Fernando Garrido afirmou que a volatilidade não atrapalhou a estratégia do Tesouro. “Em outubro, conseguimos cumprir o planejamento porque a própria estratégia contempla a redução das emissões em momentos de instabilidade”, alegou.