Brasil quer ser protagonista nas negociações pela paz no Oriente Médio

22/11/2009 - 11h09

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A presença do presidente do Irã,  Mahmoud Ahmadinejad, no Brasilencerra a primeira etapa de um ciclo de articulações em busca da paz noOriente Médio – que começou no final do ano passado pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. O presidente iraniano chega amanhã (23) e ficará no país apenas um dia.Embaixadores brasileiros que acompanham asnegociações internacionais afirmam que o objetivo é consolidar a atuação do governobrasileiro como protagonista nas negociações internacionais. Aideia, segundo interlocutores do governo, é que, em todas asoportunidades, o presidente Lula reafirme que o Brasil não devese posicionar como simples expectador, mas intermediário nas relações.Paraevitar eventuais desconfortos, os diplomatas recomendaram que asautoridades brasileiras tratem as polêmicas envolvendo o iraniano comomanifestações democráticas e legítimas. Outra sugestão dos assessoresdo governo é para que a cada crítica Lula reitere que só é possívelnegociar a paz no Oriente Médio se todos os envolvidos estiveremintegrados. Nas conversas anteriores à visita de Ahmadinejad,Lula afirmou que o isolamento do Irã pode agravar a situação noOriente Médio provocando mais prejuízos à região.A visita deAhmadinejad ocorre uma semana depois da passagem, pelo Brasil, dopresidente de Israel, Shimon Peres, e dois dias após a vinda do líderda Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Antes, em janeiro,o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, fez uma série deincursões ao Oriente Médio, reunindo-se com os principaisrepresentantes da região.Para diplomatas, o isolamento deAhmadinejad incita reações a quaisquer iniciativas que visam a conter osconflitos e a encerrar a discórdia na região. De acordo com osnegociadores, ao aproximar-se do Irã Lula atua para reduzir as restriçõesà figura do presidente iraniano e as interpretações superficiaisenvolvendo as controvérsias de Ahmadinejad.No esforço paracolocar o Irã no cenário internacional, a orientação internam, nogoverno brasileiro, é a de valorizar um dos aspectos mais caros aosiranianos – a história dos persas no mundo e na cultura. Donos de umadas culturas mais antigas do mundo oriental, os iranianos se queixam dotratamento como integrantes de segunda classe. Napassagem por Brasília, Ahmadinejad e sua equipe serão saudados com umasérie de referências sobre as influências dos persas também na culturaocidental, como o espírito combativo e a atenção especial às artes. Osiranianos se orgulham da sua história e querem que ela seja respeitada.