Atendimento a dependentes químicos é uma "tragédia", diz associação

22/11/2009 - 16h40

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O secretário de DependênciaQuímica da Associação Brasileira de Psiquiatria(ABP), Marco Antonio Bessa, classificou como precário oatendimento psiquiátrico no país, em especial para odependente químico. “Na psiquiatria de modo geral, nóstemos uma desassistência aos pacientes psiquiátricos, epara os dependentes químicos é uma tragédia”,afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, em muitas cidades dointerior existem apenas “comunidades terapêuticas” onde osdoentes ficam aos cuidados de religiosos, mas não recebem oatendimento médico qualificado.

Ele atribui o problema àpolítica de acabar com as vagas nos hospitais psiquiátricos,que reduziu em mais de 60% os leitos nessas unidades. “Nãofoi criada uma estrutura alternativa de acolhimento dessespacientes”, afirmou.

Bessa disse ainda que existe umadupla desassistência em relação ao combate eprevenção às drogas no Brasil. Segundo ele,faltam políticas públicas para coibir o vício,principalmente o do álcool, e não existe tratamentoadequado para os que já estão dependentes.

No início de novembro, oMinistério da Saúde anunciou a destinaçãode mais R$ 98,3 milhões para tratamento dos dependentes deálcool e outras drogas. Somados aos R$ 117 milhõesanunciados em junho, os investimentos para o setor chegam a R$ 215,3milhões. O valor permite, segundo o ministério, acriação de mais 73 centros de atendimento psiquiátrico,totalizando 1.467 em todo o país.

Ainda de acordo com o órgão,a rede de atendimento à saúde mental cresce cerca de25% ao ano e se expandiu em 246% desde 2002.