Secretaria de Justiça confirma que corpo encontrado em córrego é de índio desaparecido

20/11/2009 - 16h25

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul confirmou hoje (20) que o corpo encontrado no último dia 7 em um córrego da cidade de Paranhos, na fronteira com o Paraguai, é o do professor Genivaldo Verá, índio guarani que havia desaparecido no dia 31 de outubro, durante um confronto com supostos seguranças contratados para retirar os indígenas de uma fazenda.

Os pais do professor já haviam reconhecido o filho por intermédio de uma foto do cadáver retirado do Córrego Ypoi, mas as autoridades responsáveis por investigar os fatos tiveram que recorrer a exames periciais para se certificar de que se tratava de Genivaldo, devido ao avançado estado de putrefação do corpo,

Com base no trabalho dos peritos, o médico-legista Ronaldo Rosa afirmou que, embora não haja como garantir que Genivaldo tenha sido assassinado, é certo que ele não morreu afogado.

“Exames verificaram um trauma no tórax por fratura na costela. Faltam elementos, devido à decomposição do cadáver, para evidenciar se o trauma foi causado ou não por arma de fogo”, garante Rosa. “De acordo com deduções primárias, quando o corpo foi parar na água ele já estava em óbito. O laudo da perícia não é a única prova para concluir a causa da morte do indígena. Existem outros elementos que serão utilizados nas investigações. Não podemos afirmar que o índio foi assassinado”.

O córrego onde o corpo foi encontrado passa dentro da Fazenda São Luiz, de onde um grupo de pelo menos 18 índios guarani diz ter sido expulso por seguranças que os teriam agredidos, inclusive disparando balas de borracha. O grupo havia ocupado parte da fazenda três dias antes para exigir que a área - que eles alegam ter pertencido a seus antepassados – seja transformada em uma reserva indígena.

O delegado responsável pelo inquérito, Renato Gottardi, disse ainda não ter sido formalmente notificado dos resultados da perícia e garantiu que continua buscando esclarecer o desaparecimento do também professor Olindo Verá, primo de Genivaldo. Índios que viram a confusão do dia 31 garantem que Olindo e Genivaldo foram detidos pelos seguranças da fazenda

Um dos filhos do atual dono da fazenda, de 1,6 mil hectares, Firmino Aurélio Escobar Filho, garante que sua família vive no local há pelo menos quatro gerações sem jamais ter tido problemas com índios ou sem-terra. Ele nega a contratação de seguranças armados e afirma que apenas os caseiros estavam na propriedade quando os índios a ocuparam.

Estudos antropológicos para identificar essas áreas e, se for o caso, embasar as demarcações já estão sendo realizados pela Funai, que espera concluir a fase de pesquisa em abril de 2010.