Negros melhoram posição no mercado, mas ainda ganham menos que brancos

20/11/2009 - 6h32

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As desigualdades entre negros e brancos no mercado de trabalhodiminuíram de 2004 a 2008, segundo dados do DepartamentoIntersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos(Dieese) para seis regiões metropolitanas brasileiras. De modogeral, os números apontam maior inserção nomercado e crescimento real da renda em proporção maiorque a dos brancos.

Um dos indicadores apontados é o aumento da participaçãode negros em postos de direção, gerência eplanejamento. A ampliação do percentual de negros empostos de trabalho qualificados foi identificada pelo Dieese em BeloHorizonte, Recife e São Paulo. Em Salvador, o percentualse manteve estável e no Distrito Federal caiu. Os dados dePorto Alegre não apresentam esse recorte.

Apesar do crescimento na maior parte das regiões, ainda háum abismo entre negros e brancos em relação a cargosde chefia. Em São Paulo, por exemplo, apenas 5% dos negrosocupados estavam em funções de direção,gerência e planejamento em 2008, aumento de  0,3 pontospercentuais em relação a 2004. Entre os trabalhadoresbrancos, o percentual é de 17,4%.

Em Salvador, onde a população negra émajoritária e representa mais de 85% da PopulaçãoEconomicamente Ativa, a presença de trabalhadores negros empostos de comando é três vezes menor que a de brancos. Amaioria dos trabalhadores negros está nas chamadas funçõesde execução, grande parte sem qualificaçãoprofissional.

O rendimento médio dos negros também continua inferioraos dos brancos, apesar do aumento da renda real dos primeiros, de 2004 a 2008, nas seis regiões pesquisadas. Em Belo Horizonte, arenda média dos negros cresceu 15,7% no período, metadedo aumento que os brancos tiveram, de 29,7%. “A discreta reduçãoda diferença entre valores tão díspares nãosignificou uma melhora consistente daqueles que ganham menos”, diz o relatório do Dieese.

O rendimento médio por hora de trabalho entre os negros naregião metropolitana da capital mineira é de R$ 5,03,ante R$ 8,80 recebidos pelos não brancos. Em Salvador, adiferença é ainda maior. Enquanto a hora de trabalho dos negros equivale a R$ 4,75, a dos brancos é de R$ 9,63. Deacordo com as análises regionais do Dieese, a diferençaentre valores recebidos por negros e brancos é menor entre ostrabalhadores menos escolarizados.