História dos quilombos é marcada por lutas e desigualdades sociais, afirmam especialistas

20/11/2009 - 10h12

Da Agência Brasil

Brasília - Os primeirosquilombolas surgiram no período colonial, quando escravosfugiam das fazendas e das pequenas propriedades onde trabalhavam de maneira forçada, para formar pequenos vilarejos. Da escravatura àdemocracia, muita coisa mudou, mas os ideiais dos moradores dessascomunidades ainda permanecem: o desejo a terra, o acesso àinformação, a preservação dos costumes dos povos e, principalmente, o direito à liberdade que a Constituição brasileira assegura. Marcados por seusideiais, as comunidades quilombolas têm sido alvo de estudoscomportamentais e, posteriormente se tornam pesquisas de graduação,mestrado e doutorado. É o caso deMarcos Vinícius de Brito, graduado em história, desenvolveu comotrabalho de conclusão de curso uma pesquisa sobre a culturaafro-brasileira e cita em um trecho do trabalho a maior comunidadequilombola do Brasil: os Calungas, que vivem na região deCavalcante, interior de Goiás. Durante o estudo, ele pôdecomprovar e desmistificar algumas questões desse povoado.“Estudei a fundo nahistória dos quilombos. Percebi que a maioria das comunidades,apesar de preservar um pouco da própria cultura religiosa,cultuavam muito o catolicismo. Embora venham de uma tradiçãoafrodescendente, sequer gostam de mencionar, por exemplo, a questãodos orixás.” O acesso à educação, à tecnologia e à própria saúde ainda édesafio às comunidades quilombolas que inicialmente precisamlutar pela posse da terra e, a partir desse ponto, reconhecidoslegalmente, buscar melhorias para a populaçãointegrante. A professora e doutora em história,Joelma Rodrigues, afirma que a questão quilombola sofre influências da localidade que ocupa.“Ainda há umadisparidade muito grande em relação àscomunidades quilombolas. As que ficam próximas aos centrosurbanos têm acesso a educação. É precisoque essa população estude sua própria história para não correr o risco de desaparecer. Ainda temos o pontoda legalização das terras, que envolvemfatores políticos e econômicos.” O deputado federalChico Alencar (P-SOL-RJ) acredita que as comunidades quilombolas serãopreservadas para manter viva a cultura e a própria construçãohistórica no país. “Tenho a convicçãode que elas vão ser preservadas e, com amparo político,social, e cultural, vão crescer. Terão umaoriginalidade respeitada. Porque ali é sítiohistórico, patrimônio da cultura brasileira, que, se preservado, só tende a crescer.”A garantia do acesso aterra, relacionada à identidade étnica como condiçãoessencial para a preservação dessas comunidades,tornou-se uma forma de compensar a injustiça históricacometida contra a população negra no Brasil, aliandodignidade social à preservação do patrimôniomaterial e imaterial brasileiro. Alterar as condiçõesde vida nas comunidades remanescentes de quilombos, por meio daregularização da posse da terra, do estímulo aodesenvolvimento sustentável e do apoio às associaçõesrepresentativas, são objetivos estratégicos.