Cai desigualdade racial no mercado de trabalho, mas resultados devem ser mais rápidos

20/11/2009 - 5h50

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A redução das desigualdades entre negros e brancos nomercado de trabalho depende de iniciativas mais firmes do setorsindical, das empresas e dos governos. A avaliação éda  diretora executiva do Centro de Estudos das Relaçõesde Trabalho e Desigualdades (Ceert), Cida Bento, que acredita que o Brasil temavançado na questão, mas a passos lentos.

“A situação está melhorando, mas de formamuita lenta ainda. Poderia ser mais rápido se as instituiçõesassumissem esse objetivo”, avalia.

Cida reconhece avanços recentes, como os apontados porlevantamentos regionais do Departamento Intersindical de Estatísticae Estudos Socioeconômicos (Dieese) que apontam aumento dainserção dos negros no mercado de trabalho, melhoriados rendimentos médios desses trabalhadores e ampliaçãodo número de negros em cargos de chefia de 2004 a 2008.

No entanto, as diferenças ainda são profundas e ostrabalhadores negros continuam ganhando menos e ocupando postos demenor qualificação e com menos proteçãosocial.

“Falta o movimento sindical assumir o problema que ele tem quepautar. Tem que formar, provocar as empresas e incluir cláusulasde promoção de igualdade nos acordos de trabalho”,sugere.

Ações desse tipo têm aumentado a participaçãode negros no setor bancário, por exemplo. Segundo Cida, 66%dos negros que trabalham em bancos foram contratados nos últimostrês anos, após acordos entre trabalhadores e aFederação Brasileira de Bancos (Febraban), comparticipação do Ministério Público doTrabalho.

“As empresas estão se abrindo e o governo pode atuar mais,com políticas mais específicas, com açõesdo Ministério do Trabalho. Há muitas possibilidades deavançar, e a sociedade brasileira está preparada paraessa mudança”.

Na avaliação da representante do Ceert, o principalgargalo para a redução das desigualdades ainda estána entrada do mercado de trabalho, pela discriminaçãoracial em processos de seleção e recrutamento. “Osnegros não conseguem ser promovidos, mas o problema maiorainda é a entrada, não conseguem sequer ingressar”.