Estudo do Ipea constata que atuação social foi a grande vantagem do Brasil na crise

19/11/2009 - 18h50

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou hoje (19) análise técnica com um balanço sobre a crise financeira internacional, deflagrada em setembro de2008, e seus possíveis desdobramentos. O trabalho, feito por pesquisadores do Ipea, destaca oreconhecimento mundial de que o Brasil saiu maior do episódio.Ao divulgar o trabalho, o pesquisador Milko Matijascic, integrante do grupo técnico que o elaborou, disse que o Brasil reagiuà crise de maneira exemplar, principalmente porque deuprioridade a ações de cunho social, como a garantia de crédito pessoalpor meio dos bancos públicos e a redução do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI), sobretudo para material de construção.“O Brasil venceu as etapas mais difíceisda crise”, afirmou Matijascic. Ele reconheceu, entretanto, que “a fatura ainda não está ganha”, porque é possível que ainda haja reflexos da crise com impactonegativo para os países emergentes, em especial, por causa da deflaçãoprovocada nos Estados Unidos, no Japão, na China e em parte da UniãoEuropeia.Na deflação, ocorre uma redução do nível geral depreços de um país e a moeda em circulação ganha valorrelativamente às mercadorias, serviços e moedas estrangeiras. Isso équase sempre lesivo à promoção de um nível mais sólido de atividadeeconômica, diz o Ipea. Em outras palavras,  prejudica ospaíses exportadores, pois os preços de seus produtos perdemcompetitividade.Matijascic salientou que o Brasil é vistolá fora como exemplo de recuperação sustentada, tendo hoje umasituação mais cômoda, do ponto de vista macroeconômico, do que a maioriados países. Ele enfatizou, contudo, que não se pode "deixar de monitorar asituação de turbulência ainda vivida pelos países desenvolvidos”.Oestudo do Ipea ressalta a existência de uma nova ordem econômicamundial pós-crise, com consolidação do Grupo dos 20 (G20) como foroprivilegiado, no qual o Brasil, a China e a Índia passam a ser ouvidos deforma direta e a ter influência decisiva. Com isso, o outrora fechado grupo dos oito países mais desenvolvidos (G8) deverá ser naturalmente ampliado.