Embaixador iraniano diz que democracia predomina em seu país

19/11/2009 - 15h50

Renata Giraldi e Ivanir José Bortot
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Às vésperas da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, aoBrasil, o embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, disseque em seu país predominam a democracia e o respeito aos direitoshumanos e políticos. "No Irã, ninguém está preso por causa da opiniãopolítica", afirmou. Os que perturbaram a segurança, segundo o embaixador,são grupos de criminosos que danificaram bens públicos e por isso estãosendo julgados na Justiça. Shaterzadeh desprezou eventuaispressões internacionais que inibam parcerias entre o Brasil e o Irã. Ele tambémrebateu as suspeitas de produção de armas nucleares e as acusações deque Ahmadinejad persegue opositores e contrários ao regime político. Parao diplomata, Brasil e Irã “têm papéis importantes no cenáriointernacional” que são mudar o quadro do unilateralismo dominado pelospaíses ricos. “Para nós, o Brasil é um país forte e independente",disse. A seguir, os principais trechos da entrevistaconcedida à Agência Brasil.Agência Brasil: Opresidente Ahmadinejad vem ao Brasil acompanhado por uma grandecomitiva de empresários e ministros? Qual o significado desta visitapara o Irã?   Mohsen Shaterzadeh: O Brasil e o Irã têm papéisimportantes no cenário internacional, pois o unilateralismo jádesapareceu. E o multilateralismo surge com o aparecimento de grandesemergentes, como o Brasil, Irã, a China, África do Sul, o México, a Índia eoutros. O Brasil e o Irã têm programas comuns de combate à pobreza, abusca pela paz e justiça social, além da reforma da Organização dasNações Unidas [ONU]. A solução para a paz no Oriente Médio é um dessesassuntos. Queremos que os palestinos voltem à sua terra e defendemos aeleição livre. Para nós, o Brasil é um país forte e independente. Navisita do presidente [iraniano a Brasília] serão firmados 23 acordos[em diversas áreas comerciais e sociais].ABr: As pressões externas contrárias podem atrapalhar algum desses acordos?Shaterzadeh: Nós achamos que pressão dos Estados Unidos não vai afetar os projetos[negociados entre o Brasil e o Irã]. Acreditamos que nenhum outro paísinfluenciará o Brasil. Por exemplo, atualmente a Petrobras trabalha noSul do Irã. O escritório da empresa brasileira no Oriente Médio fica emTeerã e há várias empresas iranianas que querem atuar no Brasil. O Irãé o coração energético do mundo.   ABr:Por que há suspeitas de que o Irã produza energia nuclear para fins nãopacíficos e segundo organismos internacionais, existe ocultação dearmas?   Shaterzadeh: Houve mais de 30 visitas [deinspetores internacionais] ao Irã para verificar o programa de energianuclear. Eles não relataram ter localizadonada ao contrário do permitido pelas autoridades estrangeiras. Nãotemos nada escondido. Todas as informações são  claras. [Essasinformações de suspeitas contra o Irã] são notícias que as potênciasquerem divulgar, mas não têm base oficial. Todas as atividadesexercidas no Irã são para a área pacífica, medicinal, de agricultura,de engenharia e outras. O Irã, várias vezes, divulgou sua posição. Todossabem que os objetivos são para fins pacíficos e não militares.ABr:O presidente  Ahmadinejad é acusado de desrespeitar os direitoshumanos, de perseguir opositores políticos e implementar uma políticade opressão. Essa é a realidade no Irã?Shaterzadeh: O Irã é umpaís livre. A democracia é da natureza iraniana. No Irã, o voto não éobrigatório. Não há conflito [político]. As manifestaçõescontrárias [registradas pela imprensa em reação à eleição de Ahmadinejad, que venceu com 64% dos votos sob suspeita defraudes nos resultados] existem em todos os países. O problema é amídia ocidental. Mas a oposição existe [no Irã]. Não tem presospolíticos. Todos os que foram detidos estão à disposição daJustiça. No Irã, ninguém está preso por causa da opinião política. Osque entraram perturbando a segurança são elementos que integram gruposde criminosos que danificaram bens públicos.ABr: A visita do presidente Ahmadinejad é alvo de manifestações e protestosno Brasil. Por que, por onde passa, ele é tão polêmico? Isso não gera umdesconforto para os senhores?Shaterzadeh: É mentira que opresidente desrespeite os direitos humanos e políticos. No Irã, ogoverno não tem direito de intervir na Justiça. O Judiciário iraniano éindependente. Hoje em dia, os meios de comunicação estão a serviço [daspotências] ocidentais que produzem mentiras e informações contrárias aoIrã. Por exemplo, a Constituição considera e aceita o judaísmo comoreligião. Há um representante [deputado federal] dos judeus noParlamento. No Irã, judeus, cristãos e muçulmanos vivem em paz. Ossionistas que pertencem a partidos políticos que cometem crimes e quenão pensam no bem da população. Eles é que divulgam notíciascontrovertidas. Isso é que deve ser esclarecido.